sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Culto Simples

Manoel Canuto

Temos hoje uma verdadeira batalha em torno da defesa da liberdade religiosa. Muitas entidades, até mesmo não religio­sa, buscam a defesa da livre prática das muitas crenças. E toda esta batalha gira essencialmente em torno do modo como se presta culto à sua divindade. O mundo tem defendido, com poucas exceções, que cada pessoa adore livremente ao seu deus. Alguns, e não poucos, manifestam a opinião de que não se deve condenar nenhuma religião, sob pena de incorrer em condenável crime do preconceito contra a cidadania. Todos dizem que qualquer pessoa tem o “direito” de adorar ao deus que deseja e da forma que imagina. I. G. Vos afirma que se esta palavra “direito” não for bem entendi­da teremos muita confusão e mal entendido. Na verdade há uma diferença entre direito civil e direito moral. O direito civil tem sua validade no âmbito da sociedade humana, mas o direito moral tem validade no âmbito da Lei moral de Deus. Ninguém pode impedir que um homem de muitas posses gaste seu dinheiro em orgias e em práticas mundanas se esse é seu desejo. O que o governo pode e deve fazer é cobrar deste homem, que ele pague seus impostos e não proceda de forma a afrontar ou prejudicar qualquer cidadão. No entanto, quando este homem está diante de Deus, usando des­tas práticas carnais, ele tem de abandoná-las e pensar naquilo que Deus determinou que não deve ser feito, sob pena de ser condenado ao prestar contas no dia do juízo. Assim, podemos entender que a lei civil garante a qualquer pessoa cultuar seu deus como desejar ou até mesmo nunca cultuar, desde que alguma coisa escandalosa não seja praticada, ou não coloque em risco a vida de alguém ou não degrade a sociedade civil.

Mas muitos crentes imaginam que esta lei civil de liberdade reli­giosa deve ser aplicada nas igrejas de hoje. Esquecem que diante da Lei moral de Deus ninguém tem o direito de adorá-lo da forma como deseja. O homem tem uma natureza corrompida e esta corrupção o leva sempre a buscar uma forma impura de cultuar a Deus, mes­mo que suas intenções sejam sinceras. Desde cedo o homem teve de aprender a cultuar ao Criador. Foi-lhe necessário adorar com fé, para que Deus aceitasse sua adoração ─ fé em alguma verdade. O homem tem de adorar crendo na vontade de Deus revelada. Vemos em toda a Escritura que Deus sempre estabeleceu o modo correto do homem adorá-lo. Deus sempre colocou diante do homem princípios para a pureza da adoração. Deus não pode ser cultuado segundo as imaginações e invenções humanas, nem através de qualquer repre­sentação visível. A ênfase é que Deus não pode ser cultuado através de nenhum outro modo que não seja prescrito ou ordenado nas Escrituras. Por isso o crente não pode pensar como o mundo pensa. Sua liberdade religiosa não deve ser vista como uma liberdade para fazer o que deseja, mas como uma libertação das ciladas e amarras de Satanás que o incita a adorar da maneira que ele pensa; o Cristão é liberto de seus pensamentos carnais para fazer a vontade de Deus revelada na Bíblia.

Segundo as Escrituras, o culto não deve ser prestado a anjos, nem a santos, nem a qualquer outra criatura, mas somente a Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Deve ser um culto simples através da oração com ações de graça, da leitura das Escrituras, da sã pregação da Palavra, do cântico dos salmos, pela administração correta dos sacramentos e, em ocasiões especiais, com ações de graça, jejum, votos e juramentos. Assim dizem os teólogos de Westminster.

Somos gratos aos reformadores por redescobrirem o culto simples praticado no período apostólico. Dr. Pipa de Greenville ilustra aos seus alunos a simplicidade do culto reformado, dizendo:

Outra maneira de pensar sobre a simplicidade do culto é o que chamo de portabilidade (de portátil) de culto. Portabilidade significa que nós podemos realizar nossa adoração em qualquer lugar. Essa é a sim­plicidade da adoração, nós apenas precisamos de um púlpito, uma mesa para a comunhão, um livro de louvor, um pequeno frasco de água, um pouco de vinho e um pão ─ isso é o suficiente.

Quão diferente dos dias de hoje! Não preciso mencionar as distorções cúlticas praticadas hoje quando este princípio da simplicidade é esquecido.


Deus adverte no 2° mandamento: "porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço miseri­córdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êx 20.5-6).

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Sobre o autor: Manoel Canuto é presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil. É editor e membro do Conselho Editorial da Revista Os Puritanos, publicação trimestral do Centro de Literatura Reformada (CLIRE).

Fonte: Revista Os Puritanos, ano XVII, nº 04, 2009.

O Significado do Salmo

Renê Antuane Freire e Lucas G. Freire

Salmo significa um cântico cantado com a harpa, mas então porque os defensores da salmodia exclusiva defendem a não ultilização dos instrumentos musicais?

A resposta para essa pergunta é ao mesmo tempo simples e profunda.

Simples porque os instrumentos Musicais no Antigo Testamento foram ordenados por Deus para serem usados somentes pelos Levitas e durante os sacrifícios de animais no Templo.

Profunda porque o Templo Judeu com suas cerimônias representavam a pessoa e a obra de Cristo, no caso dos instrumentos musicais ao serem tocados pelos levitas durante os sacrifícios representavam que aquilo que estava morto ganhou vida por meio da morte de Cristo.

Quando a igreja canta um salmo que pede perdão, o instrumento é quem louva a Deus por meio de Cristo.

Quando a igreja canta um salmo de agradecimento a Deus por recompesá-la por sua justiça, Cristo é quem está louvando a Deus usando o instrumento, pois nós somos como uma harpa em suas mãos, sem ele não haveria como dar vida a nós mesmos. Então o verdadeiro cantor dos Salmos é Cristo a harpa que ganhou vida somos nós...

 Dois fatos curiosos:


1. Mesmo com toda a rebeldia presente naquele tempo, o povo de Deus jamais introduziu instrumentos musicais no culto antes de o próprio Deus ter ordenado provisões para que eles fossem introduzidos.

2. Fora do templo, os judeus antigos (até bem recentemente) jamais utilizaram instrumentos musicais. Afinal, fora do templo não há sacrifício. Na sinagoga havia canto, mas não havia acompanhamento com instrumentos. Quando o povo foi para o exílio, as harpas e salgueiros foram "pendurados", não porque cessaram de cantar - afinal há um salmo sobre essa assunto! - mas porque cessaram de ir ao templo.

Salmo 137:1,2


1 JUNTO dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião.


2 Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas.

Este salmo nos mostra claramente que pelo fato do Templo nessa época tinha sido destruído e consequentemente não havia sacrifício, então eles sobre os salgueiros que haviam na Babilônia, penduraram as suas harpas. Isto é mais uma prova de que os instrumentos estavam ligados exclusivamente às cerimônias do Templo Judeu.