quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A igreja deveria cantar mais os salmos

Lucas G. Freire

Digam o que quiserem a respeito de como solucionar os problemas da igreja nos nossos dias, mas se “um retorno à Palavra” não for incluído na lista de remédios, toda tentativa de reforma será vazia de efeito. Boa parte do caos em que a igreja brasileira se encontra diz respeito à entrada de heresias perniciosas que ferem a confissão da igreja histórica e que atacam frontalmente a doutrina apostólica ensinada pelos nossos pais. E boa parte desse ingresso de elementos estranhos tem sido veiculada por meio da música. Assim, voltar a cantar a palavra de Deus será uma parte extremamente relevante da reforma da igreja, se de fato queremos uma igreja consciente de seus defeitos e ansiosa por consertá-los. Será bom, portanto, que os salmos passem a fazer parte da linguagem cotidiana da igreja da mesma forma que no passado.

Os salmos são os “cânticos do Senhor” (Sl 137.4; 1Cr 25.7). Alguns salmos, além de evidenciarem isso, também estabelecem que o canto dos salmos é uma ordenança divina (Sl 98.5; Sl 105.2). O livro dos Salmos, como o próprio nome original diz, é o “livro dos louvores” do povo de Deus. Assim, podemos concluir com o pastor batista Malcolm Watts que “a intenção divina foi agrupar salmos destinados ao uso regular e permanente na igreja de Deus” (“God’s Hymnbook for the Christian Church”, p.10). Os salmos também figuram na boca de personagens do Novo Testamento. Temos o bom exemplo de Jesus Cristo, recitando salmos durante o seu suplício na cruz (compare o Salmo 22.1 e Mateus 27.46) e cantando salmos na última ceia com os discípulos (Mt 26.30; Mc 14.26). Aliás, ele jamais faria isso com hinos e “corinhos” repletos de erros doutrinários! Em mais de uma ocasião ele recomenda o uso comunitário dos salmos como uma forma de circular a “palavra de Cristo” no seio da igreja.

Comentando essa ordem de Paulo, autores de diversas linhas teológicas e em diversos períodos históricos entenderam que “hinos e cânticos” também se referem ao saltério.

Adicione a isso o fato de Deus ter inspirado um livro inteiro de cânticos e nada parecido com isso durante a era do Novo Testamento: com certeza, o cântico dos salmos permanece uma ordenança válida tanto para a igreja antiga como para a nova. Foi exatamente dessa forma que a igreja histórica (representada por Agostinho e tantos outros) entendeu o cântico dos salmos, a ponto de ter proibido por um bom tempo qualquer cântico não-inspirado. Conforme o hinologista Cecil Northcott explica, “por conta do preconceito da igreja com relação ao louvor não-escriturístico, [...] não foi até o final do século 4 que o cântico de hinos começou a ser praticado nas igrejas” (“Hymns in Christian Worship”, p.19).

A Reforma trouxe a palavra de Deus de volta para a igreja, e isso não foi diferente no louvor. Lutero tinha os salmos em alta conta, tendo parafraseado e expandido diversos deles. Sua expansão mais conhecida é o hino “Castelo Forte”, ainda hoje entoado por diversas comunidades cristãs por todo o mundo. Reformador ainda mais preocupado em colocar os salmos na boca do povo reformado foi João Calvino (1509-1564). Calvino foi atrás dos melhores músicos da época (como Louis Bourgeois e Claude Goudimel) e de bons poetas (Clement Marot e o pastor Teodoro Beza) a fim de proporcionar para o povo de língua francesa um saltério que fosse, ao mesmo tempo, adequado ao canto congregacional e austeramente belo, para ser utilizado em particular e em público pela igreja.

Assim, com reavivamento e reforma, diversas igrejas passaram a retomar o apreço pelo saltério. Porém, foram os puritanos do século 17 que mais enfatizaram a salmodia depois da época de Calvino, tendo cristalizado, na Confissão de Westminster, o “canto dos salmos com graça no coração” (Cap. 21) como parte imprescindível do culto público. Preocupados com a ignorância geral da população, os puritanos adotaram o “alinhamento” do canto: um líder cantaria uma linha para a congregação repetir, e assim por diante. Hoje o “alinhamento” poderia ser adotado no caso de nem todos terem acesso ao texto ou à melodia escolhida para o canto congregacional. Embora a maioria saiba ler, nem todos conhecem as melodias, e não há forma mais organizada de ensinar a igreja do que esta, por meio da qual a igreja toda pode participar do canto desde o começo, e tudo isso com ordem. Por isso, o desconhecimento musical não seria obstáculo para (re)introduzir o canto dos salmos no Brasil.

Pode-se afirmar que uma igreja obediente é abençoada. Portanto, trazer a palavra de Deus de volta ao canto congregacional em cumprimento a sua ordenança é um passo promissor rumo a uma igreja mais bíblica e espiritualmente saudável. Os salmos possuem um equilíbrio temático pouco encontrado em outras coletâneas de canto congregacional. Possuem uma linguagem pouco encontrada na música e na oração evangélica contemporânea. São excelentes guias de oração e veículos para o ensino de doutrinas. Falam acerca de Jesus Cristo de um modo bastante especial (Lc 24.44). Falam das principais doutrinas cristãs.

Expressam sentimentos tanto individuais como coletivos. O texto dos salmos pode ser pregado expositivamente no culto público e o povo pode ser instruído dessa forma especial a respeito do conteúdo daquilo que canta, a fim de não tomar o nome de Deus em vão. O mesmo tipo de instrução não existe para material não-inspirado de canto.

Em nosso país, a história do uso dos salmos segue o mesmo padrão triste do resto do mundo e é praticamente impossível encontrar salmos metrificados nos hinários brasileiros (embora haja esporadicamente um ou outro). Por outro lado, existem grupos inteiros de igrejas que entoam com fervor os salmos à maneira reformada, com melodias antigas ou contemporâneas que sejam dignas de uso no culto. Voltar a cantar os salmos não é retrocesso, e sim uma retomada de um padrão bíblico no canto e no culto da igreja.

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Lucas G. Freire é mestre em relações internacionais, doutorando em política, é membro da Comissão Brasileira de Salmodia (CBS). http://www.salmodia.wordpress.com/

terça-feira, 13 de julho de 2010

Saltério de Genebra - Motivos

Lucas G. Freire

01. As melodias genebrinas foram feitas especificamente para o uso no saltério, ao passo que várias melodias de hinos (ex. Glória Glória Aleluia) são tiradas do repertório nacionalista, folcórico ou popular.

02. As melodias genebrinas inauguraram um estilo próprio de canto reformado. É um estilo de música feito exatamente para esse propósito, ao passo que várias melodias sacras meramente imitam estilos de fora (clássicos ou populares).

03. A maioria delas foi feita especificamente para associar a um salmo específico. Desse modo, ouvir a melodia, digamos, do Salmo 100, leva a pessoa a associar imediatamente a melodia à letra do Salmo 100. Em alguns poucos casos a mesma melodia foi aproveitada mais de uma vez. Hoje, por exemplo, se alguém aqui na Europa me ouve cantando "Altamente os céus proclamam" do hinário vai pensar que estou cantarolando o hino alemão que Hitler oficializou (antes dele era outro hino nacional).

04. As melodias genebrinas não têm tom "maior" ou "menor": elas seguem, ao invés, os "modos" clássicos de composição (em vez de escalas). Cada "modo" na cultura ocidental é historicamente associado a um "humor" (triste, triunfante, etc), e a ligação entre elas e a letra fica bem coerente. Poucos hinos seguem o mesmo estilo (exemplo, a cantiga de natal "Ó vem, ó vem Emanuel" e a melodia do Credo de Lutero) embora os cantos gregorianos em boa parte tenham seguido isso.

05. Por causa dos "modos", as melodias genebrinas também podem ser cantadas sem acompanhamento de uma forma simples. As melodias normais de hinos, se cantadas em uníssono, dão a impressão de que "falta algo". Para preencher a falta de acompanhamento, a igreja deve ensaiar as 4 vozes ou deixar faltando algo mesmo, o que pode gerar complicação no aprendizado.

06. A composição foi feita de modo tal que o canto "alinhado" não cause estranhamento (o instrutor canta 1 linha, a igreja repete, etc). Isso é vital na hora de ensinar.
                                                                                                                                                                        07. As melodias de Genebra seguem o princípio de 1 nota/tempo musical por sílaba, o que elimina dificuldades com "voltinhas" da melodia (exemplo de hino com "voltinhas": refrão de "Saudai o Nome de Jesus"), facilitando, assim, que uma pessoa com pouco conhecimento de partitura consiga não obstante articular as sílabas só de ler a letra. Isso definitivamente NÃO ocorre nos corinhos populares, em que uma só sílaba dá tantas voltinhas que fica impossível acompanhar se você não conhece a melodia de cor.

08. As melodias de Genebra foram compostas todas seguindo o princípio de ficar dentro de 1 oitava em termos de escopo da melodia. Assim, nenhuma ficará aguda demais (a não ser que no canto a capella o líder deliberadamente escolha um tom tão agudo que ele mesmo notará o problema), nem grave demais. Em alguns hinos e em MUITOS corinhos, existe um problema grave de notas agudas demais (exemplo, final de uma versão de "As tuas mãos dirigem meu destino" com a melodia irlandesa folclórica "Danny Boy"/Londonderry Air).

09. As melodias de Genebra foram compostas em sua maioria por compositores historicamente famosos e cuja qualidade é reconhecida e respeitada mesmo em meios não religiosos como grandes contribuições à música renascentista.

10. Prova disso é que arranjadores que acharam valor nas melodias genebrinas e as adaptaram são igualmente respeitados na história da música. Exemplos: Pascal L'Estoquart, Jan Pieterzoon Sweelinck, Johann Sebastian Bach (somente algumas melodias), Paul Siefert, Orlando di Lasso, Salamone Rossi e mais recentemente Arthur Honegger, Zoltan Kodaly e Frank Martin. Kodaly sendo um dos maiores compositores hungaros e Sweelinck até hoje nunca superado em termos de música erudita na Holanda.

11. Por causa do cuidado dos tradutores, as mesmas melodias de Genebra foram associadas aos respectivos salmos nas traduções para outros idiomas. Assim, o Salmo 100 na Hungria, Espanha, Japão, Turquia e Canadá (uso exemplos reais!) será o mesmo.

12. Também por causa das traduções: isso prova o interesse de comunidades reformadas espalhadas pela face da terra na uniformidade católica do culto reformado, além de provar que o povo reformado tem reconhecido o valor dos salmos genebrinos e seu uso litúrgico ao longo da história e transcendendo culturas.

13. O fato de ser composto seguindo os "modos" e não "escalas" torna o saltério genebrino menos "eurocêntrico", e portanto mais aceitável em outras culturas, como é o caso da recente adoção do Saltério Genebrino na igreja reformada do Japão, tendo sido gravado em parte pelo ilustre Masaaki Suzuki (um dos maiores maestros contemporâneos que "por acaso" é crente e reformado) na versão japonesa.

14. O próprio Calvino e as autoridades de Genebra levavam a sério a uniformidade do canto reformado, a ponto de terem aprisionado Claude Goudimel (um dos compositores das melodias genebrinas) por ter alterado uma melodia já circulante na igreja sem dar aviso prévio. Ora, como a igreja reformada no mundo todo preza os salmos genebrinos, por que deveria ser diferente aqui?

15. O ritmo das melodias genebrinas é bastante regular e adequado ao uso congregacional (ao contrário de hinos como "Chuva de Bênçãos", "Firme nas Promessas", etc.), sem contudo ser chato e cansativo, contando inclusive com algumas surpresas rítmicas, sem contudo fazer da surpresa a regra geral (portanto, ao contrário de corinhos diversos, que imitam o deslocamento do tempo forte adotado no rock e na música pop).

16. Além de todas essas características, as melodias de Genebra utilizam o artifício deliberado de uma melodia "em espiral" (sobe e desce, sobe e desce), criando um efeito "ondulatório" que comprovadamente acalma o ânimo da congregação, segundo pesquisas musicológicas indicam (não li o artigo, quem leu foi o pastor Ken Wieske). Isso, claro, ao contrário de diversos corinhos que agitam a congregação.

17. O ritmo regular das melodias genebrinas não incentiva dança.

18. Ao contrário de diversos hinos ("Tu és fiel", "Chuva de Bênçãos", "Conta as muitas Bênçãos", "Firme nas Promessas", etc.), e da maioria dos corinhos, as melodias genebrinas nunca foram originalmente associadas a movimentos ou pessoas de teologia dúbia (exemplo "cruzadas gospel" do séc. XIX-XX no caso desses hinos).

19. Ao contrário dos mesmos hinos associados a movimentos arminianos, que tinham o propósito deliberado de promover uma reação emocional nos ouvintes, para na hora do apelo se "converterem", os salmos de Genebra são exemplos de incentivo à sobriedade, seriedade e reverência no culto público, sendo portanto mais adequados a um culto voltado para Deus do que para os homens.

20. Se os 19 pontos anteriores não bastam, temos ainda que encarar o fato da superioridade musical das melodias genebrinas, tanto subjetiva como objetivamente.

Que os salmos genebrinos, que são o canto reformado do mundo afora, possam também ser o canto do povo reformado lusófono.

E que eles sirvam de padrão para a nossa escolha de OUTRAS melodias para associar com os salmos, incluindo novas composições.

Deus abençoe a igreja.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Culto Simples

Manoel Canuto

Temos hoje uma verdadeira batalha em torno da defesa da liberdade religiosa. Muitas entidades, até mesmo não religio­sa, buscam a defesa da livre prática das muitas crenças. E toda esta batalha gira essencialmente em torno do modo como se presta culto à sua divindade. O mundo tem defendido, com poucas exceções, que cada pessoa adore livremente ao seu deus. Alguns, e não poucos, manifestam a opinião de que não se deve condenar nenhuma religião, sob pena de incorrer em condenável crime do preconceito contra a cidadania. Todos dizem que qualquer pessoa tem o “direito” de adorar ao deus que deseja e da forma que imagina. I. G. Vos afirma que se esta palavra “direito” não for bem entendi­da teremos muita confusão e mal entendido. Na verdade há uma diferença entre direito civil e direito moral. O direito civil tem sua validade no âmbito da sociedade humana, mas o direito moral tem validade no âmbito da Lei moral de Deus. Ninguém pode impedir que um homem de muitas posses gaste seu dinheiro em orgias e em práticas mundanas se esse é seu desejo. O que o governo pode e deve fazer é cobrar deste homem, que ele pague seus impostos e não proceda de forma a afrontar ou prejudicar qualquer cidadão. No entanto, quando este homem está diante de Deus, usando des­tas práticas carnais, ele tem de abandoná-las e pensar naquilo que Deus determinou que não deve ser feito, sob pena de ser condenado ao prestar contas no dia do juízo. Assim, podemos entender que a lei civil garante a qualquer pessoa cultuar seu deus como desejar ou até mesmo nunca cultuar, desde que alguma coisa escandalosa não seja praticada, ou não coloque em risco a vida de alguém ou não degrade a sociedade civil.

Mas muitos crentes imaginam que esta lei civil de liberdade reli­giosa deve ser aplicada nas igrejas de hoje. Esquecem que diante da Lei moral de Deus ninguém tem o direito de adorá-lo da forma como deseja. O homem tem uma natureza corrompida e esta corrupção o leva sempre a buscar uma forma impura de cultuar a Deus, mes­mo que suas intenções sejam sinceras. Desde cedo o homem teve de aprender a cultuar ao Criador. Foi-lhe necessário adorar com fé, para que Deus aceitasse sua adoração ─ fé em alguma verdade. O homem tem de adorar crendo na vontade de Deus revelada. Vemos em toda a Escritura que Deus sempre estabeleceu o modo correto do homem adorá-lo. Deus sempre colocou diante do homem princípios para a pureza da adoração. Deus não pode ser cultuado segundo as imaginações e invenções humanas, nem através de qualquer repre­sentação visível. A ênfase é que Deus não pode ser cultuado através de nenhum outro modo que não seja prescrito ou ordenado nas Escrituras. Por isso o crente não pode pensar como o mundo pensa. Sua liberdade religiosa não deve ser vista como uma liberdade para fazer o que deseja, mas como uma libertação das ciladas e amarras de Satanás que o incita a adorar da maneira que ele pensa; o Cristão é liberto de seus pensamentos carnais para fazer a vontade de Deus revelada na Bíblia.

Segundo as Escrituras, o culto não deve ser prestado a anjos, nem a santos, nem a qualquer outra criatura, mas somente a Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Deve ser um culto simples através da oração com ações de graça, da leitura das Escrituras, da sã pregação da Palavra, do cântico dos salmos, pela administração correta dos sacramentos e, em ocasiões especiais, com ações de graça, jejum, votos e juramentos. Assim dizem os teólogos de Westminster.

Somos gratos aos reformadores por redescobrirem o culto simples praticado no período apostólico. Dr. Pipa de Greenville ilustra aos seus alunos a simplicidade do culto reformado, dizendo:

Outra maneira de pensar sobre a simplicidade do culto é o que chamo de portabilidade (de portátil) de culto. Portabilidade significa que nós podemos realizar nossa adoração em qualquer lugar. Essa é a sim­plicidade da adoração, nós apenas precisamos de um púlpito, uma mesa para a comunhão, um livro de louvor, um pequeno frasco de água, um pouco de vinho e um pão ─ isso é o suficiente.

Quão diferente dos dias de hoje! Não preciso mencionar as distorções cúlticas praticadas hoje quando este princípio da simplicidade é esquecido.


Deus adverte no 2° mandamento: "porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço miseri­córdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êx 20.5-6).

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Sobre o autor: Manoel Canuto é presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil. É editor e membro do Conselho Editorial da Revista Os Puritanos, publicação trimestral do Centro de Literatura Reformada (CLIRE).

Fonte: Revista Os Puritanos, ano XVII, nº 04, 2009.

O Significado do Salmo

Renê Antuane Freire e Lucas G. Freire

Salmo significa um cântico cantado com a harpa, mas então porque os defensores da salmodia exclusiva defendem a não ultilização dos instrumentos musicais?

A resposta para essa pergunta é ao mesmo tempo simples e profunda.

Simples porque os instrumentos Musicais no Antigo Testamento foram ordenados por Deus para serem usados somentes pelos Levitas e durante os sacrifícios de animais no Templo.

Profunda porque o Templo Judeu com suas cerimônias representavam a pessoa e a obra de Cristo, no caso dos instrumentos musicais ao serem tocados pelos levitas durante os sacrifícios representavam que aquilo que estava morto ganhou vida por meio da morte de Cristo.

Quando a igreja canta um salmo que pede perdão, o instrumento é quem louva a Deus por meio de Cristo.

Quando a igreja canta um salmo de agradecimento a Deus por recompesá-la por sua justiça, Cristo é quem está louvando a Deus usando o instrumento, pois nós somos como uma harpa em suas mãos, sem ele não haveria como dar vida a nós mesmos. Então o verdadeiro cantor dos Salmos é Cristo a harpa que ganhou vida somos nós...

 Dois fatos curiosos:


1. Mesmo com toda a rebeldia presente naquele tempo, o povo de Deus jamais introduziu instrumentos musicais no culto antes de o próprio Deus ter ordenado provisões para que eles fossem introduzidos.

2. Fora do templo, os judeus antigos (até bem recentemente) jamais utilizaram instrumentos musicais. Afinal, fora do templo não há sacrifício. Na sinagoga havia canto, mas não havia acompanhamento com instrumentos. Quando o povo foi para o exílio, as harpas e salgueiros foram "pendurados", não porque cessaram de cantar - afinal há um salmo sobre essa assunto! - mas porque cessaram de ir ao templo.

Salmo 137:1,2


1 JUNTO dos rios de Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião.


2 Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas.

Este salmo nos mostra claramente que pelo fato do Templo nessa época tinha sido destruído e consequentemente não havia sacrifício, então eles sobre os salgueiros que haviam na Babilônia, penduraram as suas harpas. Isto é mais uma prova de que os instrumentos estavam ligados exclusivamente às cerimônias do Templo Judeu.

sábado, 20 de março de 2010

Salmodia Exclusiva

Dr. C. Matthew McMahon

O uso dos Salmos no culto como o texto divino que Deus deu à Sua Igreja para cultuá-lo. Essa era a visão majoritária entre os Reformadores e Puritanos.


Os Puritanos cultuavam a Deus usando os Salmos, e somente os Salmos. Eles não permitiam que instrumentos musicais penetrassem em seu culto, mas, ao invés disso, mantinham a simplicidade encontrada no Novo Testamento daquilo que conhecemos como “canto congregacional” em substituição ao culto cerimonial do Velho Testamento, que fora primariamente feito pelos sacerdotes Levitas, instituídos por Davi, sob ordem direta de Deus. Assim, eles usavam os Salmos como o livro de cânticos divinamente inspirado para a igreja.

A Confissão de Fé de Westminster reflete essa visão:

A Confissão de Fé de Westminster, Capítulo XXI

Do Culto Religioso e do Domingo.

Parágrafo 5:

A leitura das Escrituras, com santo temor ,[17]; a sã pregação [18] da Palavra e a consciente atenção a ela, em obediência a Deus, com entendimento, fé e reverência [19]; o cântico dos salmos, com gratidão no coração [20]; bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo – são partes do culto comum oferecido a Deus:[21] , além dos juramentos religiosos [22], votos[23], jejuns solenes[24] e ações de graça em ocasiões especiais[25], os quais, em seus vários tempos e ocasiões próprias devem ser usados de um modo santo e religioso[26].

17. Lucas 4:16-17; Atos 15:21; Col. 4:16; I Tessalonicenses 5:27; Apocalipse 1:3

18. II Timóteo 4:2; Atos 5:42

19. Tiago 1:22; Atos 10:33; Mateus 13:19; Hebreus. 4:2; Isaías 66:2

20. Colossenses 3:16; Efésios 5:19; Tiago 5:13; I Coríntios 14:15

21. Mateus 28:19; I Coríntios 11:23-29; Atos 2:42

22. Deuteronômio 6:13; Neemias 10:29; II Coríntios 1:23

23. Salmos 116:14; Isaías 19:21; Eclesiastes 5:4-5

24. Joel 2:12; Ester 4:16; Mateus 9:15; Atos 14:23

25. Êxodo 15:1-21; Salmos 107:1-43; Neemias 12:27-43; Ester 9:20-22

26. Hebreus 12:28.

sábado, 6 de março de 2010

Os Hinos do Apocalipse

O livro de Apocalipse contém numerosos exemplos de cânticos de adoração (e.g., 4:8, 11; 5:9-13; 7:10-12; 11:17-18; 14:2-3; 15:3-4; 19:1, 2, 5, 8). A questão que precisa ser respondida sobre esses cânticos é: “Essas alusões à adoração nos céus nos ensinam alguma coisa sobre como devemos cantar no culto público e como devemos conduzir a adoração pública em nossos dias?” Não, claramente não.


O livro de Apocalipse é literatura apocalíptica, e conseqüentemente não foi feita para ser um guia literal ou padrão para a adoração pública. Se fosse assim, teríamos de ser todos romanistas, pois o Apocalipse descreve um altar (6:9; 8:3, 5; 9:13; 11:1; 14:18; 16:7); incenso (8:4); trombetas(1:10; 4:1; 8:13; 9:14); harpas (5:8; 14:2; 15:2) e ainda a arca da aliança (11:19). Também teríamos de ser místicos, porque no Apocalipse cada criatura, incluindo os pássaros, insetos, águas-vivas, e minhocas, etc., louva a Deus (5:13). A literatura apocalíptica usa linguagem figurada e imaginação dramática para ensinar lições espirituais. “O mais importante ao assistir um drama não é a representação em si mas a mensagem que ele ajuda a retratar.”

O livro de Apocalipse está cheio até a borda com os ritos obscuros, com os tronos e os templos, e com um número inteiro de atos litúrgicos que não podem ser relacionados às nossas circunstâncias de adoração. A tentativa de extrair elementos de culto dessa literatura apocalíptica só pode conduzir ao caos litúrgico.
 
Além do mais, ainda que alguém queira tomar as cenas apocalípticas de adoração nos céus como normativa para a igreja hoje, elas ainda não autorizariam o uso de hinos não-inspirados, pois os cânticos entoado pelos anjos, os quatro seres viventes, e os santos purificados “são por natureza composições inspiradas, procedendo como eles do próprio céu e do mais alto trono da presença de Deus” Mas (como notado) as cenas da adoração apocalíptica com seus altares, incenso, harpas, e outras imagens cerimoniais claramente não podem se aplicar à igreja da nova aliança sem que a Escritura contradiga a si mesmo, o que é impossível.


Alguns escritores apelam ao novo cântico mencionado em Apocalipse 14:3 como autorização da escritura para a composição de novos cânticos hoje. Um estudo deste termo na Escritura, entretanto, provará que a expressão bíblica novo cântico nada tem a ver com novas composições não-inspiradas depois que foi fechado o cânon.

O termo novo cântico no Velho Testamento pode referir-se a um cântico que tenha as novas misericórdias ou novas maravilhas do poder de Deus como tema (e.g., Salmo 40:3; 98:1). Mas tenha em mente que essa expressão é usada somente para descrever cânticos escritos sob inspiração divina. Este fato limita novo cântico aos cânticos inspirados da Bíblia. Uma vez que o termo novo cântico é usado somente para descrever cânticos escritos por pessoas que tinham o dom profético, e não se aplicava a qualquer israelita, certamente ele não se aplica a Isaac Watts, Charles Wesley, ou qualquer outro escritor de hinos não-inspirado.
 
Outro significado de novo cântico não se refere a um cântico descrevendo novas misericórdias, mas a cantar um cântico de forma nova; isto é, com devoção, coração rejubilante; com um novo impulso de gratidão. A canção pode de fato ser bastante velha, mas como aplicamos o cântico inspirado experimentalmente a nossa própria situação, nós o cantamos novamente. Esse é provavelmente o significado de cantar um cântico novo nos Salmos, que usam o termo, ainda que não se refiram a novas misericórdias. Por exemplo, o Salmo 33 usa o termo cantar um cântico novo, e então fala de doutrinar bastante conhecidas: criação, providência, e esperança e confiança em Deus. E, há um sentido no qual todos os cânticos do Velho Testamento são novos cânticos para o cristão da nova aliança: nós cantamos os Salmos com um entendimento e perspectiva desconhecidas dos crentes do Velho Testamento. Por conta da expressão do amor de Deus em Cristo, Jesus e o Apóstolo João puderam até se referir a um bastante conhecido mandamento do Velho Testamento (Levítico 19:18) como um “novo mandamento” (João 13:34; 1João 2:7; 2João 5).

Salmos, Hinos e Cânticos espirituais?

Por: Renê Antuani Freire

ψαλμοῖς ὕμνοις ᾠδαῖς, Quando examinamos a Septuaginta, verificamos que os termos salmos (psalmos), hinos (hymnos) e cânticos (odee), referem-se claramente ao livro dos Salmos do Antigo Testamento e não a antigos e modernos hinos ou cânticos não inspirados. Bushell escreve: “ Psalmos (...) ocorre 87 vezes na Septuaginta, desses, 78 aparecem nos salmos mesmos, sendo que 67 são títulos de salmos. Da mesma forma, o título da versão grega do saltério (...) hymnos (...) ocorre 17 vezes na Septuaginta, 13 das quais estão nos Salmos, sendo que 6 são títulos. Em I Samuel , I e II Crônicas e Neemias há cerca de 16 exemplos nos quais os Salmos são chamados “hinos”( hymnoi ) ou “cânticos”( odai ) e para o cântico deles a palavra utilizada significa “cantar louvor” (hymneo, hymnodeo, hymnesis )N.T.. Odee (...) ocorre umas 80 vezes na Septuaginta, 45 das quais nos Salmos, 36 nos títulos dos Salmos (Michael Bushell, The Songs of Zion , pp. 85-86) . Em doze títulos nós encontramos ambos, “salmos” e “cânticos”; e em dois outros “salmos” e “hinos”. O salmo 76 é designado como “salmo, hino e cântico” (na versão portuguesa ARA não aparece a palavra hino, N.T.). No final dos primeiros setenta e dois salmos, nós lemos: “ Findam-se os hinos (ARA: orações) de Davi, filho de Jessé ” (Sl.72:20). Não há razão alguma para pensarmos que o Apóstolo Paulo estava se referindo a “salmos” como coisa diferente de “hinos e cânticos”, pois todos os três termos se referem a salmos no próprio livro de Salmos (G.I. Williamson, The Singing of Praise in the Worship of God , p. 6.) . Ignorar como a audiência de Paulo, na época, teria entendido estes termos, bem como a forma como são definidos pela Bíblia, e aplicar-lhes significados modernos, não-bíblicos, seria uma prática exegética deficiente.

Uma das objeções mais comuns contra a idéia de que Paulo em Ef.5:19 e Col 3:16, está falando do livro dos Salmos, é que seria absurdo ele dizer, “cantando salmos, salmos e salmos”. Essa objeção falha ao considerarmos o fato que um método comum de se expressar na antiga literatura judaica, era a forma triádica de expressão para designar uma idéia, ação ou objetos. A Bíblia contém muitos exemplos da forma triádica de expressão, a saber: Ex.34:7 – “ iniqüidade, transgressão e o pecado ”; Deut 5:31 e 6:1 – “ mandamentos, estatutos e juízos ”; Mt 22:37 – “ de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento ” (Mc.12:30; Lc.10:27); At 2:22 – “ milagres, prodígios e sinais ”; Ef 5:19 e Col 3:16 – “ salmos, hinos e cânticos espirituais ”. “A tríplice distinção usada por Paulo, seria prontamente entendida por aqueles que já estavam familiarizados com seus Saltérios Hebraicos do Velho Testamento e a Septuaginta, onde os títulos dos salmos são distinguidos como salmos, hinos e cânticos. Esta interpretação faz justiça à analogia da Escrituras, isto é, a Escritura é seu melhor intérprete” (J.W. Keddie, Why Psalms Only? , p. 7) .

As palavras abaixo marcadas de vermelho paulo pede para que cantemos.


Col 3:16 ὁ λόγος τοῦ Χριστοῦ ἐνοικείτω ἐν ὑμῖν πλουσίως ἐν πάσῃ σοφίᾳ· διδάσκοντες καὶ νουθετοῦντες ἑαυτοὺς ψαλμοῖς ὕμνοις ᾠδαῖς πνευματικαῖς, ἐν χάριτι ᾄδοντες ἐν τῇ καρδίᾳ ὑμῶν τῷ Κυρίῳ.

agora todos os salmos que falam de cânticos novos aparece essas duas palavras na septuaginta.

Psa 40:3 (39:4) καὶ ἐνέβαλεν εἰς τὸ στόμα μου ᾆσμα καινόν, ὕμνον τῷ θεῷ ἡμῶν· ὄψονται πολλοὶ καὶ φοβηθήσονται καὶ ἐλπιοῦσιν ἐπὶ κύριον.

Segundo a septuaginta o que seria esse ᾆσμα καινόν?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Diretório de Culto de Westminster

I. Sobre o Ajuntamento da Congregação e Seu Comportamento no Culto a Deus

QUANDO a congregação se reunir para a adoração pública, as pessoas (tendo preparado seus corações de antemão) devem todas ir e se reunir, não se ausentando da ordenança pública por negligência ou sob desculpa de encontros privados.

Que todos entrem na assembléia não irreverentemente, mas de uma forma grave e séria, tomando seus assentos ou lugares sem adoração, isto é, sem se ajoelhar [ie, se inclinar] em direção a um ou a outro lugar.

Estando a congregação reunida, o ministro, após uma chamada solene à adoração do nome grandioso de Deus, deve iniciar [o culto] com oração

“Em toda humildade e reverência, reconhecendo a incompreensível grandeza e majestade do Senhor, (em cuja presença ela [ie, a congregação] se apresenta de forma especial) e [reconhecendo também] sua [ie, da congregação] impiedade e indignidade em se aproximar dele, com sua inabilidade intrínseca de executar obra tão grandiosa; e, humildemente, clamando a ele por perdão, por assistência e aceitação durante a execução de todo o culto; e por uma bênção sobre a leitura da porção específica da sua palavra. Tudo [isso deve ser feito] no nome do Senhor Jesus Cristo”.

Tendo o culto público iniciado, as pessoas devem prestar-lhe atenção plena, abstendo-se de ler qualquer coisa, exceto o que o ministro está lendo ou citando; e abstendo-se ainda mais de quaisquer cochichos privados, conversas, saudações, ou de fazer qualquer reverência a qualquer pessoa presente, ou [que esteja] entrando; e também de olhadelas, cochilos e qualquer outro tipo de comportamento indecente que possa incomodar o ministro ou as pessoas e mesmo prejudicá-los e [também] a si mesmos no culto a Deus.

Se qualquer um, por necessidade, for impedido de estar presente no início, não pode, quando chegar à congregação, se deixar levar por devoções privadas, mas reverentemente devem se compor para juntar-se à assembléia naquela ordenança de Deus que estiver ocorrendo no momento.

Posted by L. G. Freire

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Neo-Puritanismo ou Neo-Presbiterianismo?

Dr. Manoel Canuto



Recentemente, irmãos de várias denominações e entre eles alguns presbiterianos, um inexpressivo grupo, sem organização definida, começaram a identificar distorções doutrinárias na sua própria prática cristã e no seio da igreja brasileira. Aos poucos sérias distorções foram percebidas após um despertamento causado pela chama da Reformada acesa em seus corações pela pregação fiel das doutrinas da graça e pela literatura Reformada, inclusive dos Puritanos; literatura retirada dos escombros em que se encontrava.





Confrontados com o ensino Reformado, logo perceberam que até então labutavam em terreno movediço, em águas turvas, acomodados num cesto de frutos variados onde havia sabor para todo gosto. Isso os fez dizer como Daniel: “Deus grande e temível… temos pecado e cometido iniqüidades… apartando-nos dos teus mandamentos… e não demos ouvidos aos teus servos os profetas, que em teu nome falaram aos nossos pais. A ti, ó Senhor pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê”.



Esses servos de Deus fazem parte de uma geração que sempre desconheceu os grandes feitos de Deus no passado quando homens e mulheres se levantaram contra os erros de uma igreja em trevas para mudar o rumo do povo de Deus e do mundo — a Reforma Protestante do século dezesseis. Aos poucos se aperceberam do que os reformadores ensinavam, pregavam e viviam — um tesouro escondido. Enquanto escondido este tesouro levou à ignorância, à cegueira e deformação da fé cristã e bíblica. Na verdade, o arraial protestante não era Reformado e sim arminiano, antropocêntrico, dispensacionalista, “pentecostalizado”, carismático, pluralista, contextualizado, “moderado”, “cauteloso”.



Com a descoberta das doutrinas basais da Reforma, surgiu o “primeiro amor”, a alegria indizível. Como era de se esperar, com esta descoberta e mudança de perspectiva e de vida, logo surgiu a oposição lutando para que status quo fosse mantido. Faz parte do processo para se manter o status quo o surgimento da intolerância e a luta contra os que buscam uma reforma profunda e séria, uma volta às antigas veredas, uma volta às Escrituras, aos ensinos da Reforma.



À guisa de ilustração descrevo um episódio por mim vivenciado. Em uma igreja tradicional do arraial Presbiteriano certo pastor presbiteriano prega as doutrinas da graça com o coração incendiado pela verdade. Em seu peito bate forte a soberania de Deus na salvação de pecadores. Enquanto fala, a força de suas convicções o faz exultar na soberania, justiça e amor eletivo de um Deus que faz tudo quanto lhe apraz. Ao término de sua mensagem um presbítero local aproxima-se, e, austero, o repreende dizendo: “Pastor, desculpe, mas o senhor foi extremamente infeliz no que falou”. Naquela mesma noite um experiente pastor não brasileiro, mas que vive no Brasil há muitos anos, ao ouvir o colega também o adverte, mas de forma amorosa e sábia: “Pastor, o irmão está preparado para enfrentar e suportar dificuldades?”. Palavras sábias de quem prenuncia uma realidade que se avista, de quem já diagnosticara um presbiterianismo brasileiro diferente do vivenciado por John Knox e os delegados de Westminster; um presbiterianismo distanciado dos pensamentos bíblicos do calvinismo experimental, longe dos padrões reformados praticado pelos Puritanos da Grã-Bretanha e da Nova Inglaterra; longe do destemor reformado dos protestantes calvinistas Huguenotes da França, dos reformados da Segunda Reforma Holandesa, afastados dos ensinos dos apóstolos e de Cristo — coluna e baluarte da verdade.



Os corações daqueles evangélicos foram mudados e, como conseqüência, suas convicções agora eram mais fortes, pois suas mentes e corações estavam profundamente enraizadas na Palavra de Deus. Pessoas fracas, mas com fortes convicções se transformam em soldados valorosos e imbatíveis. Logo seus ensinos e práticas tornaram-se uma ameaça ao falso equilíbrio da práxis da igreja contemporânea com seu culto “Frameano”[1], disforme, que não glorifica a Deus; tornaram-se uma ameaça à prática cúltica de grande número das igrejas no Brasil; ameaça à evangelização antropocêntrica apelante ao livre arbítrio humano; ameaça ao protestantismo manipulativo, dirigido pelo sucesso, auto-indulgente, subjetivo, experimentalista (mas) não experimental, com uma espiritualidade que “mede cinco mil quilômetros de largura e um centímetro de profundidade”; ameaça ao protestantismo espiritualmente anão, asceta, místico, instável em suas famílias, sem desejos de reforma e renovação da igreja; ameaça a um cristianismo influenciado pelo secularismo, sem santificação, irreverente, que despreza o Dia do Senhor, sem visão da glória de Deus e sem viver para ela; um protestantismo que despreza sua garbosa, rica, linda e bíblica herança Reformada, suas raízes.



A igreja de hoje não quer obedecer ao slogan reformado: Ecclesia reformata reformanda est (“A igreja, tendo sido reformada, ainda é para ser reformada”). Mas não para se inovar (como pensam os liberais) e sim, sempre para voltar ao seu caminho, o caminho das Escrituras. Sempre se reformando porque a tendência é sempre esquecer sua herança, seu passado, suas raízes, inovando a doutrina e a prática. O coração do homem é desesperadamente corrupto! Dr. J. G. Vos disse:



“A doutrina, adoração, governo, disciplina, atividades missionárias, instituições educacionais, publicações e a vida prática da igreja — todas estas coisas devem ser progressivamente reformadas de acordo com a Escritura. Nossos antepassados reformaram a Igreja no seu tempo; Deus nos chamou para reformá-la no nosso tempo. Não podemos descansar sobre os nossos lauréis. Devemos batalhar por nós mesmos, pela fé, sobre a base da Palavra de Deus”[2].



Não podemos imaginar, como muitos desejam, um “equilíbrio” entre o teocêntrico e o antropocêntrico, entre o Calvinismo e o Arminianismo, entre o Presbiterianismo e o Episcopalismo, entre o presbiterianismo e o independentismo; entre o princípio do culto calvinista e o luterano, ou seja, entre o Princípio Regulador do Culto (Puritano) e o Princípio Normativo do Culto (anglicano).



Princípio Normativo: o que não for diretamente proibido nas Escrituras é permitido.



Princípio Regulador: o que não for diretamente ensinado nas Escrituras ou necessariamente inferido do seu ensino, ou evidenciado em um exemplo bíblico-histórico, é proibido no culto.



Há hoje uma idéia de que existem diversas formas de Presbiterianismo (e até diversas formas de Reformados[3]): O Escocês, o Brasileiro, o tupiniquim, o Puritano, o Americano, etc. Mas estas coisas nunca passaram pelas mentes dos teólogos de Westminster. A Confissão de Fé da Igreja Presbiteriana do Brasil é a de Westminster, fruto de mais de cinco anos e meio de cessões conciliares, sérias, piedosas, que fez o grande teólogo puritano e participante, Robert Baillie, afirmar: “Outra assembléia igual eu nunca vi, e nem é provável que venha e existir”. Quem subscreve os Padrões de Westminster subscreve o que os teólogos puritanos do século XVII redigiram — uma fiel exposição das Escrituras. Na verdade os presbiterianos são assim chamados em virtude de adotarem a forma de governo presbiteriano — governo de presbyteros. A liderança que governa uma Igreja Presbiteriana (os presbíteros) subscreve os padrões reformados de Westminster (assim é dito na Constituição da IPB). Caso isso não aconteça estaremos diante de uma nova igreja Presbiteriana, de um novo presbiterianismo e uma reforma urgente se faz necessária.



Nesse novo presbiterianismo, muitos lutam para a manutenção de um presbiterianismo brasileiro, hierárquico, secularizado, onde se luta pela perpetuação em cargos e funções [4] ; que procura conciliar a doutrina da suficiência das Escrituras com a “possibilidade ainda hoje” de profecias e línguas extáticas; presbiterianismo que procura conciliar os ensinos apostólicos, especialmente os de Paulo (e de Calvino) que claramente são opostos à participação feminina no culto, na pregação e ensino, com as invenções feministas do Dr. J. B. Hurley [5] ; um novo presbiterianismo que procura conciliar o princípio de sola scriptura e o segundo mandamento com o uso de imagens (figuras) de Jesus com fins didáticos (pensamento católico); um novo presbiterianismo que tenta conciliar o sola fide e sola gracia com o evangelismo de cruzadas onde o apelo ao decisionismo é imprescindível; um presbiterianismo que tenta conciliar o culto reformado, simples, com o culto celebrativo, arminiano-carismático; um presbiterianismo que busca conciliar o velho presbiterianismo confessional com o não confessional; conciliar a doutrina reformada com o ensino dispensacionalista; conciliar a guarda do Dia do Senhor com os negócios e o entretenimento praticados neste dia.



Recentemente estes presbiterianos defensores da subscrição estrita da Confissão de Fé e catecismos de Westminster e de um culto reformado segundo o Princípio Regulador do Culto têm sido chamados de neopuritanos e considerados perniciosos para a Igreja Presbiteriana.[6]



Questionamos a expressão neopuritanos pelas seguintes razões:



Usar esta expressão de forma pejorativa, zombeteira com intuito de denegrir a fé e convicção de irmãos, que com zelo lutam também pela fé reformada.

Achar que se pretende inventar um puritanismo novo e mais radical, diferente do período áureo da Igreja na Inglaterra, Escócia, Nova Inglaterra, etc.

Imaginar que se pretende restaurar o Puritanismo como movimento do século XVII com seus usos e costumes. Quando na verdade o que estes irmãos desejam é fazer como os puritanos fizeram e para isso são um referencial para nós, pois procuravam aplicar verdades da Bíblia às circunstâncias de sua época. Os que desejam manter a verdadeira tradição puritana terão de aplicar os princípios bíblicos às circunstâncias de seus dias. Contentar-nos em apenas imitar os puritanos representaria um retrocesso, falta de espiritualidade e uma atitude irrealista. Deus requer de nós vivermos para Sua glória e o Seu Espírito nos ensina a viver para o Senhor no contexto dos nossos dias e não no contexto em que viveram santos homens de Deus. Se eles souberam aplicar as Escrituras tão zelosa e sabiamente a si mesmos em sua época, que saibamos aplicá-las em nossa época perguntando sempre: Estamos vivendo como a Bíblia diz ou precisamos ser corrigidos e enriquecidos mediante a mais antiga tradição evangélica e reformada? Falo isso, e me demoro aqui, porque nos acomodamos a um tradicionalismo doutrinário, ético, eclesiástico e evangelístico de um período decadente da história evangélica — século XIX. Temos de recuar mais na história e reabrir os poços ricos do ensino evangélico, mas aplicando os mesmos princípios que fizeram de nossos antepassados homens e mulheres do futuro.

Achar que o Puritanismo tem uma “doutrina especial”, diferente da doutrina bíblica e da Confissão de Fé de Westminster e seus Catecismos.

Considerar a atitude de resgatar a fé Presbiteriana-Reformada, suas raízes como algo errado.

Considerar a tentativa de se subscrever e vivenciar Os Padrões de Fé de Westminster como algo estreito, limitado, minimalista, intolerante — lembrar que foram os Puritanos que confeccionaram este documento.

Considerar o esforço por doutrina pura, governo puro, liturgia pura, igreja pura e vidas puras, como algo antiquado, obsoleto.

Jogar lama com palavras satíricas de censura contra irmãos confessionais que vêem nos reformados e puritanos um exemplo de maturidade cristã, luta por santidade, equilíbrio entre ortodoxia e ortopraxia.

Usar de uma ignorância “voluntária” para disseminar uma idéia distorcida do que era um puritano: um fanático religioso, feroz, extremista, fundamentalista, hipócrita em lugar de sóbrio, erudito, disciplinado, virtuoso no lar, na igreja; que toda sua vida a “tinha como uma guerra onde Cristo era seu capitão; suas armas, orações e lágrimas. A cruz, seu estandarte; seu lema, Vincit qui patitur [o que sofre, conquista]” (John Geree).

Procurar criar uma caricatura indesejável sobre estes irmãos como se tivessem convicções ultra-radicais próprias, antibíblicas, e diferentes do que os reformados do passado tinham; diferentes do que os puritanos tinham.

Quão bom seria se pudéssemos ser como os puritanos foram. Mas o puritanismo foi o que, afinal? Dr. J. I. Packer responde:



“O Puritanismo, em seu cerne, foi um movimento espiritual, apaixonadamente preocupado com Deus e com a piedade cristã. Começou na Inglaterra com William Tyndale, o tradutor da Bíblia, contemporâneo de Lutero, uma geração antes de haver sido cunhada a palavra ‘Puritano’, e continuou até o final do século XVII, algumas décadas depois que o termo ‘Puritano’ caíra em desuso. Para sua formação contribuíram o biblicismo reformista de Tyndale; a piedade de coração e consciência de John Bradford; o zelo de John Knox pela honra de Deus nas igrejas nacionais; a paixão pela competência pastoral evangélica, que se via em John Hooper, Edward Dering e Richard Greenhan; a visão das Sagradas Escrituras como o ‘princípio regulador’ do culto e da boa ordem da igreja o qual incendiava Thomas Cartwright [7] ; o anti-romanismo, o anti-arminianismo, o anti-socianismo e o anti-calvinismo antinomiano desmascarados por John Owen e pelos padrões da declaração de Westminster; o interesse ético abrangente que atingiu o seu apogeu na monumental obra de Richard Baxter, Christian Directory; e o propósito de popularizar e tornar práticos os ensinos da Bíblia, os quais tomaram conta de Perkins e Bunyan, além de outros. O Puritanismo foi, essencialmente, um movimento em prol da reforma eclesiástica, da renovação pastoral e do evangelismo, bem como em prol do avivamento espiritual; além disto — de fato, como uma expressão direta de seu zelo pela honra de Deus — também foi uma visão global, uma filosofia cristã; em termos intelectuais foi um medievalismo renovado segundo moldes protestantes, e, em termos de espiritualidade, um monasticismo reformado, totalmente desligado dos mosteiros e dos votos monásticos.



O alvo dos Puritanos era completar aquilo que fora iniciado pela Reforma inglesa: terminar de reformar a adoração anglicana, introduzir uma disciplina eclesiástica eficaz nas paróquias anglicanas, estabelecer a retidão nos campos político, doméstico e sócio-econômico, e converter todos os cidadãos ingleses a uma vigorosa fé evangélica. Por meio da pregação e do ensino do evangelho, bem como da santificação de todas as artes, ciências e habilidades, a Inglaterra teria de tornar-se uma terra de santos, um modelo e protótipo de piedade coletiva, e, como tal, um meio para toda a humanidade ser abençoada”[8].



O termo Neo-Puritano é uma tentativa de mais uma vez colocar lama sobre um grupo de irmãos reformados, que amam a Cristo e lutam por uma reforma na igreja do Senhor, uma volta às raízes reformadas; a expressão Neo-Puritano é uma demonstração de intolerância por irmãos zelosos, sinceros e cheios de convicção — com suas fraquezas naturais. A palavra neo do grego significa novo em tempo e ou origem. Isso falaria de uma estrutura puritana diferente em sua origem ou tempo? Seria isso? Ou em sua natureza ou qualidade? Para isso seria melhor a palavra kainos. Bem, o que conseguimos identificar é a insinuação de que o Puritanismo do passado foi excelente e que o pseudopuritanismo de hoje é um arremedo. Acredito que assim o seja, visto que está longe de ter alcançado as firmes e radicais posições doutrinárias e práticas dos puritanos do século 16 e 17. Os puritanos naquela época defendiam a salmodia exclusiva no culto, o não uso de instrumentos na adoração, a guarda do primeiro dia da semana como o dia do Senhor, sem a prática de entretenimento, negócios ou qualquer outra coisa não essencial neste dia; a mulher não participava da adoração dirigindo a igreja nas orações congregacionais, muito menos pregando ou ensinando à congregação — mantinha-se calada em público “como em todas as igrejas dos santos… como a lei o determina” (I Co 14:33-34). A idéia de que a mulher pode, com autorização e supervisão do pastor ou do Conselho de Presbíteros, pregar ou ensinar à congregação, nunca foi ventilada por Calvino e muito menos pelos puritanos. O ensino e pregação são atividades do ofício pastoral, supervisionado pelos presbíteros. Mas as mulheres ensinavam às crianças e a outras mulheres, reservadamente. Então, o que estes irmãos presbiterianos desejam é lutar por uma volta aos princípios bíblicos vividos pelos puritanos e reformados, lutar por uma prática reformada ortodoxa e prática.



Finalizo com um sério questionamento. O que dizer daqueles que vivem um presbiterianismo brasileiro, desvinculado da fé Reformada, da herança Reformada, das suas raízes? Presbiterianismo que defendem a participação da mulher na liturgia (até pregando); a contemporaneidade dos dons extraordinários; um culto cheio de entretenimento com apresentação de corais e solos, bandas, dramatizações, ministros de música, momento especial de oração pelas criancinhas no culto corporativo, culto para criancinhas; a prática hierárquica no governo da igreja; concílio permanente por 4 anos com direito a reeleição para presidente; inobservância aos votos de subscrição estrita aos Símbolos de Fé; manutenção no rol de membros das igrejas ou em sua liderança, de filiados à maçonaria; o uso intransigente de imagens (figuras de Jesus e do Espírito Santo) com fins didáticos e religiosos para as crianças ou para os ignorantes e extensivo a todos os crentes; programações de entretenimento no Dia do Senhor; ausência quase completa do cântico dos Salmos na adoração nas congregações e igrejas locais; culto da páscoa, culto de pentecostes, culto da ressurreição às seis da manhã, culto da Reforma, culto de Natal…



Como nossos pais presbiterianos do passado, à semelhança de John Knox, não praticavam tais coisas, não poderíamos chamar com precisão os que tais coisas praticam de Neo-Presbiterianos?



O movimento (dos Puritanos) já passou há séculos, mas ainda os princípios bíblicos vivenciados por nossos pais são o que interessa à igreja moribunda e desconhecedora da Palavra, hoje.



O Senhor julgue tudo.



Amém.



Recife, 06 de outubro de 2004





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[1] Dr. John Frame é Professor de Teologia Sistemática e Filosofia no Reformed Theological Seminary, Orlando, Flórida, USA.



[2] Um Chamado à Reforma – J. G. Vos, Blue Banner Faith and Life



[3] “… é por isso, que no meio REFORMADO NÓS TEMOS MAIS DE 50 (CINQUENTA) CORRENTES TEOLÓGICAS DIFERENTES, COM ÊNFASES DIFERENTES, por isso, eu, pastor… leio todas elas, não só algumas, ou só as que me agradam, mas todas, sem falar nas correntes teológicas que não são reformadas. Espero que TODOS façam o mesmo, PORQUE O PIOR IGNORANTE É AQUELE QUE LEU APENAS UM LIVRO E ACHA QUE É A ÚLTIMA AUTORIDADE NO ASSUNTO!” — mensagem de um pastor presbiteriano, pelo Messenger, aos jovens de sua igreja manifestando a sua oposição às verdades ensinadas e pregadas por reformados.



[4] Resistindo a Secularização, pg 14, Pr. Arival Dias Casimiro, Editora SOCEP.



[5] O Dr. James Hurley é professor de Matrimônio e Terapia da Família no Reformed Theological Seminary, Jackson Mississippi, USA.



[6] “… eu gostaria de lhe convocar para, em amor, darmos um basta também nos neopuritanos que são mais perniciosos do que qualquer outro movimento nesta igreja, e eu lhe digo isto COMO PASTOR! Posso contar com você?” — convocação feita através do Messenger por ministro presbiteriano aos jovens de sua igreja.



[7] O grande Presbiteriano inglês.



[8] Entre Gigantes de Deus, pp 24-25, Editora FIEL



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Igreja Presbiteriana da Herança Reformada — igreja reformada, sempre reformando

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Cântico de Salmos sem istrumentos musicais na História da Igreja Cristã

Por: Renê Antuani Freire.

É fato que o cantar salmos sem utilização de instrumentos musicais era uma prática entre as igrejas reformadas da Inglaterra e Escócia do século XVII, mas alguém me dirá e o salmo 150?


Acontece que os salmos são escrituras proféticas e como tais usam muita linguagem representativa, como o TEMPLO que representava a pessoa e a obra de Cristo:

-O sacerdote comia nos sábados 12 pães sem fermento( sombra de Cristo que no descanço eterno aceita os eleitos, mas antes ELE o faz sem o pecado(fermento)

-O sacerdote queimava incenso diante dos santos dos santos

(sombra de cristo que intercede por nós diante de Deus)

-O candelabro que deveria ficar continuamente asceso

(representando o Espírito Santo que nos da luz para o entendimento)

-Os sacrificios de animais( apontando para o sacrificio de Cristo)

-Agora a única hora que se usava os instrumentos era durante os sacrifícios de animais feito no altar do TEMPLO e somente levitas eram autorizados a tocá-los, representando o seguinte: Nós que estávamos mortos como um instrumento, incapazes de adorar a Deus, ganhamos vida por meio de Cristo, por isso ao final do salmo 150 diz "tudo que tem vida louve ao Senhor" (ou seja, o que estava morto, ganhou vida por meio da morte do Cordeiro de Deus )

O TEMPLO JUDEU era apenas uma SOMBRA da pessoa e da obra de Cristo

Pode-se dizer que o cântico de salmos sem instrumentos musicais era a prática MAJORITÁRIA de cultuar a Deus, nos primitivos tempos da história da igreja, vejam:
 
MÁRTIR: "O simplesmente cantar não agrada crianças (os judeus), mas o cantar acompanhados de instrumentos sem vida artificiais, de danças e de bater de palmas, lhes agrada muito. Por isto, o uso deste tipo de instrumentos artificiais e de outras coisas agradáveis a crianças foi removido das músicas das igrejas, e ficamos com o puro e singelo cantar acapela". (Justino Mártir, no ano 139 depois de Cristo. Mártir nasceu em 100 DC, ao tempo que João escrevia o Apocalipse ).




MÁRTIR: "O uso de música não foi recebido nas igrejas cristãs da maneira que ela era entre os judeus, no estado infantil deles, mas somente foi aceito pelas igrejas o uso do puro e desadornado cantar com os puros lábios, acapela." (Justino Mártir, 139 AD. Voltamos a ter crianças entre nós, Nadabes teimosamente amantes de modismos, outros de decibéis, outros de palmas, danças, ritmos).



CLEMENTE: "Ademais, Rei Davi, o Harpista de quem falamos acima, nos incitou à verdade e para longe dos ídolos. Tão distante estava Davi de cantar os louvores de demônios, que estes foram postos em fuga por ele, com a verdadeira música; e quando Saul estava possesso, Davi o curou meramente por tocar a harpa não é dito que Davi cantou!. Em contraste O Senhor como supremo artífice formou no homem um o mais lindo instrumento, que respira com vida, criado à Sua própria imagem. Seguramente Ele mesmo o Cristo é um instrumento de Deus, totalmente harmônico, melodioso e santo, a sabedoria acima deste mundo, a Palavra celestial" ... "Aquele que brotou de Davi e todavia era antes dele, o Verbo de Deus, zombou e desprezou a lira e a cítara, aqueles instrumentos sem vida. Pelo poder do Espírito Santo, Ele dispôs em harmoniosa ordem este grande mundo e, sim, o pequeno mundo do homem também, corpo e alma juntos; e nestes instrumentos de muitas vozes do universo, Ele o Cristo faz música para Deus, e canta com o acompanhamento do instrumento humano, 'Porque vós sois minha harpa e meu órgão de flautas e meu templo.' isto é uma aplicação de 2Co 6.16?(Clemente de Alexandria)
 
CLEMENTE: "Deixai o órgão de flautas ou gaita para o pastor de cabras, a flauta para os homens que temem os deuses-demônios e se enfeitiçam usando-a na adoração dos seus ídolos. Tais instrumentos musicais têm que ser expulsos de nossas festas sem a suas asas, pois são mais adequados para os animais brutos e para aquela classe de homens que é menos capaz de raciocinar espiritualmente. O Espírito, para purificar a liturgia divina de qualquer tal celebração sem controles, canta no Salmo 150:


a 'Louvai-O com o som da trombeta' --> porque, de fato, ao som da trombeta os mortos ressuscitarão;

b 'Louvai-O com a harpa' --> porque, de fato, a língua é a harpa do Senhor;

c 'e com o alaúde-saltério. Louvai-O' --> entendendo a boca como um alaúde-saltério movido pelo Espírito, tal como o alaúde-saltério é movido pelo plectro a palheta, de marfim ou de ouro;

d 'louvai-O com o tamborim e coral que responde em eco' --> isto é, a Igreja esperando pela ressurreição do corpo na carne a pele, Igreja que é o coral, o corpo e eco de Cristo;

e 'louvai-O com instrumentos de cordas e com órgão,' --> chamando nossos corpos um órgão e seus tendões cordas, porque deles o corpo deriva seu movimento coordenado e, quando tocado pelo Espírito, produz os maravilhosos, inigualáveis, inimitáveis e insuplantáveis tons humanos;

f 'louvai-O com címbalos sonoros; louvai-O com címbalos altissonantes' --> címbalos sonoros significam a língua da boca a qual, com os movimentos dos lábios címbalos altisonantes, canta as palavras.
 
Então Ele convoca a toda a humanidade 'Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor', porque Ele reina sobre todo espírito que Ele tem feito. Na realidade, o homem é um instrumento de arco uma inigualável harpa para a paz, mas estes outros instrumentos, se alguém se focaliza demasiado neles, tornam-se instrumentos de conflito, para inflamar as paixões. Os Etruscos, por exemplo, usam a trombeta para guerra; os Arcadianos, a corneta; os Siquels, a flauta; os Cretenses, a lira; os Lacedonianos, o tubo de órgão ou gaita; os Trácios, o clarim; os Egípcios, o tambor; e os Árabes, o címbalo. Mas, quanto a nós, fazemos uso de somente um instrumento: somente a Palavra cantada de paz pela qual adoramos Deus, não mais com as anteriores harpa ou trombeta ou tambor ou flauta, as quais aqueles pagãos treinados para a guerra usam." (Clemente de Alexandria, 190AD, "The instructor, Fathers of the church", p. 130).




- EUSÉBIO: (admirável historiador, chamado "O Pai da História da Igreja"): "Antigamente, no tempo em que aqueles da circuncisão estavam adorando com símbolos e tipos, não era inapropriado elevar hinos a Deus acompanhados com o saltério e a cítara, e fazê-lo nos dias de sábado... Hoje, porém nós os cristãos oferecemos nossos hinos com um saltério vivo e uma cítara viva, e com cânticos espirituais. As vozes dos cristãos, em uníssono, são mais aceitáveis a Deus do que qualquer instrumento musical. É de acordo com isto que, em TODAS as igrejas de Deus, unidas em alma e atitude, com um só pensar e em concordância de fé e piedade, nós enviamos ao céu uma melodia em uníssono, com as PALAVRAS dos Salmos sem instrumentos." (Eusébio, 260-340 DC).



- AGOSTINHO: "... instrumentos musicais não eram usados. A gaita, o tamborim, e a harpa são aqui neste mundo tão intimamente associados com os sensuais cultos pagãos, como também com as orgias desenfreadas e com as performances imorais dos circos e teatros, que é fácil entender os justificados preconceitos contra o uso deles os instrumentos na adoração." (Agostinho 354 D.C., )
 
CRISÓSTOMO: "Davi antigamente cantava canções, hoje nós também cantamos hinos. Ele tinha uma lira com cordas sem vida, a igreja tem uma lira com cordas vivas. Nossas línguas são as cordas da lira, tendo um som realmente diferente mas muito mais de acordo com a devoção. Aqui não há necessidade de cítara, ou de cordas esticadas, ou de plectro palhetinha de ouro ou marfim, para tanger cordas, ou de arte, ou de nenhum instrumento; mas, se você quiser, você mesmo pode se tornar uma cítara, mortificando os membros da carne e fazendo uma completa harmonia entre a mente e o corpo. Porque, quando a carne não mais cobiça contra o Espírito, mas tem se submetido às suas ordens e tem sido profundamente levada no caminho melhor e mais admirável, então você criará uma melodia espiritual." (Crisóstomo, "Exposition of Psalms 41", escrito em 381-398 DC, Source Readings in Music History, ed. O. Strunk, W. W. Norton and Co.: New York, 1950, pg. 70. Crisóstomo viveu em 347-407 DC).
 
ANTIGOS ERUDITOS:


Vejamos, agora, em ordem cronológica, uma amostra de 9 citações entre as muitas dúzias, talvez centenas, que temos disponíveis, dos mais respeitados eruditos e historiadores cristãos, sobre a música no culto a Deus.



- AQUINAS: "Nossa igreja isto é, o cristianismo, da origem até este nosso século XIII de modo algum usa instrumentos musicais (tais como harpas e saltérios) para louvar a Deus, para que não pareça ou ocorra que ela judaízou-se." (Thomas Aquinas, 1225-1274 DC, Bingham's Antiquities, Vol. 3, pág. 137).



- ERASMO: "Temos recentemente trazido para dentro das nossas igrejas certa música teatral e de ópera; um tal confuso e desordenado conflito de algumas palavras palavras lutando contra sons de instrumentos e contra palavras diferentes como eu dificilmente penso que existiu mesmo em qualquer dos teatros dos pagãos Gregos ou Romanos. As igrejas catedrais católicas estrondam com o barulho das trombetas, dos órgãos gaitas de fole NOTA 4 e dulcímeros; e as vozes humanas da congregação lutam para se fazer ouvir por debaixo deles. Os homens correm para as igrejas como se fossem para os teatros, para terem seus ouvidos excitados. E, com esta finalidade, fabricantes de órgãos são contratados com grandes salários, e muitos rapazes desperdiçam todo o seu tempo aprendendo estes tons zoantes." (Erasmo, 1466-1536 DC, Commentary on 1Co 14:19).

- LUTERO: "O órgão (!) na adoração é a insígnia o emblema simbólico de Baal. ... Os Católicos Romanos o tomaram emprestado dos judeus." (Martinho Lutero, Mcclintock & Strong's Encyclopedia Volume VI, pajé 762).

CALVINO: "Instrumentos musicais celebrando os louvores a Deus seriam não mais adequados do que o queimar de incenso, o acender de candeeiros, e a restauração de outras sombras da Lei. Os Papistas, portanto, têm imbecilmente tomado isto emprestado, como também muitas outras coisas, dos judeus. Homens que são afeiçoados à pompa externa podem se deleitar naquela barulheira; mas a simplicidade que Deus nos recomenda pelos apóstolos é muito mais agradável a Ele. Paulo nos permite abençoar Deus na reunião pública dos santos, somente em uma língua conhecida (1Co 14:16). Que iremos então dizer do canto de coros que enche os ouvidos com nada mais que um som vazio vazio porque é atrapalhado pela zoeira dos instrumentos?" (João Calvino, Commentary on Psalms 33)


- WESLEY: "Não tenho nenhuma objeção ao uso de instrumentos de música em nossa adoração, uma vez que eles não sejam vistos nem ouvidos." (João Wesley, fundador do Metodismo, citado em Adam Clarke's Commentary, Vol. 4, p. 685)

- FULLER: "A história da igreja durante os três primeiros séculos fornece muitos exemplos de cristãos primitivos se enlevando em cantar, mas (que eu possa me lembrar) nenhuma menção é feita de instrumentos. (Se minha memória não me engana), este uso de instrumentos originou-se na Idade das Trevas, o apogeu do Papado, quando quase que toda outra superstição foi introduzida. Hoje, instrumentos são mais usados onde o menor dos respeitos é dado à simplicidade primitiva." (André Fuller, batista, "Complete works of Andre Fuller", Vol 3, P. 520, 1843).

SPURGEON: "Louvai ao Senhor com a harpa. Israel estava na escola primária e usava coisas infantis para ajudá-la a aprender; mas nestes dias quando Jesus nos dá sólido e maduro alimento espiritual, pode-se fazer melodia sem instrumentos mesmo os de corda e de sopro. Não temos necessidade deles. Eles impediriam ao invés de ajudar nosso louvor. Cantai a Ele. Esta é a mais doce e melhor música. Nenhum instrumento é como a voz humana." (Comentário sobre Salmo 42:4). "Davi parece ter tido uma recordação particularmente terna do cantar simples dos peregrinos, e seguramente esta é a mais deliciosa parte da adoração e que chega mais próximo da adoração no céu. Que degradação suplantar o cantar inteligível de toda a congregação pela beleza teatral de um quarteto não estamos certos se Spurgeon se refere a cantores ou rabecas, foles, e gaita de fole! Tanto podemos inutilmente orar mecanicamente como inutilmente louvar por maquinários instrumentos e equipamentos." (Charles H. Spurgeon, Commentary on Psalm 42. Spurgeon pregou para 20.000 pessoas cada domingo, por 20 anos, no Tabernáculo Batista Metropolitano, em Londres, antes do uso da eletricidade e microfones, e jamais foram instrumentos de música mecânicos usados nos cultos. Quando lhe perguntaram a razão, citou 1Co 14:15 "Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento" e então declarou: "Eu tão cedo oraria a Deus com maquinário quanto cantaria a Deus com maquinário."


- FINNEY: "Os cristãos iniciais recusaram a ter nada a ver com instrumentos musicais, os quais sabiam que eles poderiam ter herdado do antigo mundo pagão." (Teodoro Finney, A History of Music, 1947, p. 43)

LANG: "Todas as nossas fontes livros lidam amplamente com a música vocal na igreja, mas se resguardam de mencionar quaisquer outras manifestações da arte musical na igreja. ... O desenvolvimento da música Ocidental foi decisivamente influenciado pela exclusão de instrumentos musicais da igreja cristã inicial." - Paul Henry Lang, Music In Western Civilization, pp. 53,54.




- LEICHTENTRITT: "No entanto, na Igreja Cristã inicial, só o cantar era permitido, não o tocar de instrumentos." - Hugo, Music, History And Ideas, p. 34



- NAUMAN: "Não pode haver nenhuma dúvida de que, originalmente, em todos os locais, a música do culto a Deus foi inteiramente de natureza vocal." - Emil Nauman, The History Of Music, Vol. 1, p. 177



- RITTER: "Não temos conhecimento real do caráter exato da música que formava uma parte da devoção religiosa das primeiras congregações cristãs. No entanto, sabemos que ela foi puramente vocal." - Dr. Frederick Louis Ritter, History Of Music From The Christian Era To The Present Time, p. 28

- COLEMAN: "Tanto os judeus nos seus cultos no templo, como os gregos em sua adoração aos ídolos, tinham o costume de cantar com o acompanhamento de instrumentos musicais. Os convertidos ao cristianismo têm que ter sido familiares com este modo de cantar ... Mas é geralmente admitido que os primeiros cristãos não empregavam nenhum instrumento musical nos seus cultos." -- Lyman Coleman (Presbiteriano), The Apostolic And Primitive Church, pp. 368-369.

Talvez lhe pareça estranho que a música fosse inteiramente vocal na igreja inicial, quando instrumentos musicais eram tão comuns na adoração dos judeus e dos gentios. Mas não quando você relembrar que a adoração no Novo Testamento devia ser espiritual em sua ênfase.
 
- ROMA: "... os primeiros crentes eram de uma fibra demasiadamente espiritual para substituírem a voz humana por instrumentos sem vida, ou mesmo para usar aqueles instrumentos como acompanhantes da voz humana." -- Catholic Encyclopedia




- CAVARNOS: "Na igreja bizantina, a execução de música por instrumentos, ou mesmo o acompanhamento de cânticos sacros por instrumentos, era proibida pelos Pais os líderes religiosos do Oriente as regiões ao redor e incluíndo a Grécia, como sendo incompatíveis com o caráter espiritual, solene e puro da religião de Cristo." -- Constantine Cavarnos Grego Ortodoxo, Bysantine Sacred Music



- CLARKE: "A música, como uma ciência, eu estimo e admiro: mas os instrumentos de música na casa de Deus, eu abomino e aborreço. Eles são o abusar da música o transgredir da música de louvor a Deus; e eu aqui registro meu protesto contra todas tais corruções na adoração do Autor do Cristianismo." - ADAM CLARKE (comentarista Metodista).

Conclusão:

Por que estes homens objetam tão fortemente contra instrumentos musicais na adoração da igreja? Porque têm compreendido, apropriadamente, que:

1. Tais instrumentos eram uma extrapolação indevida, pelos judaizantes da adoração judaica;

2. Como tal, os usos de tais instrumentos, nos cultos estavam em desarmonia com a natureza ESPIRITUAL da adoração do NT; e

3. Os usos de tais instrumentos, nos cultos se encaixavam bem na Lei Antiga com suas "sombras", não com a VERDADEIRA adoração do NT.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Os Instrumentos Musicais no Culto Público de Deus

Os Instrumentos Musicais no Culto Público de Deus


Brian Schwertley

com um apêndice: Adoração Presbiteriana: Antiga e Nova por Kevin Reed


INTRODUÇÃO

Deus, que é infinito e eterno, quem criou os céus e a terra, pode apenas

ser abordado em Seus próprios termos. Isto é verdade na salvação assim como na

adoração. Deus redimiu um povo de uma humanidade decaída para servir,

cultuar e adorá-Lo. Deus tem tomado a iniciativa e salvado um povo morto em

seus delitos e pecados por meio da morte sacrificial e vida imaculada de Jesus

Cristo. Cristãos professos reconhecem que o único meio para serem salvos é por

meio de Jesus Cristo.2 Eles rejeitam a noção de que há muitos caminhos que

levam a Deus. Mas, quando se chega ao culto de Deus, a maioria dos Cristãos

professos acredita que podem fazer quase qualquer coisa que lhes agradem

contanto que não seja clamorosamente pecaminoso. O propósito deste livro é

provar pela Escritura que Deus estabeleceu um princípio com respeito ao culto

que completamente elimina a autonomia humana do culto. Deus não deixou o

culto aos caprichos do homem. Deus, que é o objeto da adoração, diz ao Seu

povo como cultuar. Uma vez que o princípio regulador do culto tenha sido

estabelecido por meio da Escritura, tornaremos a nossa atenção para o uso dos

instrumentos musicais no culto público.

O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

Antes de examinarmos o caos das práticas cúlticas correntes e o princípio

regulador do culto de Deus,3 precisamos primeiro definir culto. “Culto religioso é

aquele pelo qual adereçamo-nos a Deus, como um Deus de infinita perfeição;

1 Traduzido por Tiago Canuto Baia. O texto original e completo pode ser lido em:

http://reformedonline.com/view/reformedonline/music.htm

2 “O culto é o desenvolver natural da salvação, a resposta inevitável e necessária do pecador à graça de Deus.

Porém, se não temos nada a acrescentar a nossa salvação soberanamente concedida por Deus, é razoável que

devamos ter algo a acrescentar ao culto prescrito para nós na Escritura? Uma mistura de esforço humano à

salvação é salvação por obras (Ef. 2:8-10; Rm. 11:6). Uma mistura de prescrição humana ao culto de Deus é

‘culto de si mesmo’ (Cl. 2:20-23). Ambos são condenados por Deus nos termos mais fortes, e mesmo assim a

história da raça humana não poderia ser mais bem caracterizada do que um zelo imoderado por estas coisas”

(Michael Bushell, The Songs of Zion: The Contemporary Case for Exclusive Psalmody [Pittsburgh: Crown

and Covenant Publications, 1977], p. 120).

3 A primeira seção deste livro é expandido de outra obra deste autor: The Regulative Principle of Worship and

Christimas (Southfield, MI: Reformed Witness, 1995).

professamos uma inteira sujeição e devoção a Ele como o nosso Deus; colocamos

nossa confiança Nele para o suprimento de todas as nossas necessidades; e

atribuímos a Ele aquele louvor e glória que Lhe é devido, como nosso principal

bem, o mais abundante benfeitor, e o nosso único quinhão e felicidade”.4

O PRINCÍPIO REGULADOR E OS INSTRUMENTOS MUSICAIS NO CULTO

PÚBLICO

Agora que a base escriturística do princípio regulador do culto foi

estabelecida claramente, vamos analisar uma prática cúltica comum hoje e ver

se tem autorização (base) bíblica. Lembre-se, não é suficiente que uma prática

não seja proibida pela Escritura. Deve haver uma sanção (i. e., prova bíblica)

para toda prática de adoração na igreja.

O uso de instrumentos musicais no culto público hoje é quase universal.

Pianos e órgãos têm sido usados por gerações para preparar o estado de espírito

“adequado” durante o serviço de adoração e têm sido usados para acompanhar

os cânticos de hinos. Hoje muitas igrejas têm adotado o uso de bandas

completas, com guitarras eletrônicas, baixos, órgãos, cornetas e baterias. Bandas

de rock, pop e estilos sertanejos são usadas como ferramentas de crescimento de

igrejas. Livros de crescimento de igreja argumentam que ter uma boa banda com

música ritmada e cânticos de adoração atrairão visitantes e proporcionarão

pessoas a voltarem. Embora instrumentos musicais sejam ferramentas poderosas

no arsenal de manipulação emocional, será que a Palavra de Deus autoriza o seu

uso em culto público na era da Nova Aliança? Um estudo do uso de instrumentos

musicais na Bíblia revela que o uso de instrumentos musicais está conectado com

4 Thomas Ridgely, Commentary on the Larger Catechism (Edmonton, AB, Canada: Still Waters Revival

Books, 1993 [1855]), Vol. 2, p. 329. “Por adoração, é entendido algum tributo pago pela criatura racional a

Deus como o Grande e Soberano Criador e Senhor, seja ele imediatamente e diretamente pago e apresentado a

Ele, como oração e louvor, ou por Ele e ao Seu comando e para a Sua honra, como pregação, ouvir da

pregação, e o recebimento dos sacramentos, que são adoração quando corretamente realizados. Em uma

palavra, chamamos isto adoração, mais estritamente e apropriadamente, que é um dever da primeira tábua, e

vem como mandamento nela para a honra de Deus, e não para o nosso próprio proveito ou de outra pessoa,

que embora ordenado na segunda tábua, não pode ser apropriadamente chamado de adoração, muito menos de

adoração imediata. Assim, ensinar aos outros os deveres da piedade pode ser adoração, quando ensinar os

deveres de qualquer outro chamado ordinário não o é” (James Durham, The Fourth Commandment (Dallas,

TX: Naphtali Press, 1989 [1653]), p. 10).

o sistema sacrificial e é um aspecto da Lei Cerimonial. Um breve exame do uso

de instrumentos musicais na Bíblia provará esta afirmação.

1. A Invenção da Música

Adão e Eva, que adoraram a Deus antes da queda, usaram apenas suas

vozes em louvor a Jeová. Esta afirmação é provada pelo fato de que instrumentos

musicais não foram inventados até oito gerações. “Ada deu a luz a Jabal: este foi

o pai dos que habitam em tendas e possuem gados. O nome de seu irmão era

Jubal: este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gen. 4: 20-21).

“Jubal foi o ‘pai’ de todos que tocam harpa e flauta. Sem levar em conta que

estes instrumentos eram ainda muito primitivos. Entretanto, estes instrumentos

foram refinados grandemente mais tarde. Jubal foi o primeiro a empregar

instrumentos musicais com o fim de produzir música”.72 Deus registra que a

linhagem caída de Caim tomou iniciativa no desenvolvimento da cultura: Jabal:

agricultura; Jubal: música; Tubal-Caim: metalúrgica73.

2. Prazer Pessoal

Existem exemplos na Bíblia de instrumentos musicais sendo usados com o

propósito de prazer pessoal ou entretenimento. Depois de Labão ter alcançado

Jacó, o qual tinha fugido a noite, ele disse, “Por que fugistes ocultamente, e me

lograste, e nada me fizestes saber, para que eu te despedisse com alegria, e com

cânticos, e com tamboril e harpa?” (Gn. 31: 27). Jó refere-se ao uso de música

para o propósito de entretenimento familiar: “Deixam correr suas crianças como

a um rebanho, e seus filhos saltam de alegria; cantam com tamborim e harpa e

alegram-se ao som da flauta” (Jó 21: 11-12). Música também foi usada para

acompanhar banquetes com bebidas e festas, muito parecido com hoje em dia.

72 G. C. Aelers. Bible Students’ Commentary: Genesis (Grand Rapids: Zondervan, 1981) Vol. 1, p. 131.

73 O fato que estes desenvolvimentos foram feitos por uma linhagem pervertida, não deve de forma alguma

refletir negativamente sobre este desenvolvimento cultural. Descrentes, freqüentemente destacam-se no

desenvolvimento da cultura (artes, medicina, tecnologia, etc). Como um pós-milenista, o autor acredita que

cristãos herdarão as conquistas terrenas e então as usarão para a glória de Deus.

“A harpa e lira, tamboris e flautas e vinhos há nos seus banquetes” (Is. 5: 12; cf.

24: 8-9; Amós: 6: 5-6). Estes exemplos obviamente não se referem ao culto

público.

3. Celebrações de Vitória

Instrumentos musicais eram usados também para celebrações de vitória.

Depois da libertação de Deus do povo de Israel dos inimigos egípcios, o povo

celebrou e cantou o cântico de Moisés. “A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou

um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins74 e com

danças. E Miriã lhes respondia: cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou,

e precipitou no mar o cavalo e seu cavaleiro!” (Ex. 15: 20-21). Era a prática

comum de Israel celebrar grandes vitórias com mulheres dançando, cantando e

tocando instrumentos musicais. “Sucedeu, porém, que vindo Saul e seu exército,

e voltando também Davi de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de

Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tambores, com

júbilo e com instrumentos de musicas. As mulheres se alegravam e, cantando

alternadamente” (1 Sam. 18: 6-7). Depois o Senhor entregou o povo de Amom

nas mãos de Jefté: “Vindo, pois Jefté, a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao

seu encontro, com adufes e com danças” (Jz. 11: 34). O profeta Jeremias falou

do restabelecimento dos Israelitas na própria terra deles em meio a grande

alegria e celebração: “Ainda te edificarei e serás edificada, ó virgem de Israel!

Ainda serás adornada com teus adufes, e sairás com o coro dos que dançam”

(Jer. 31: 4).

Estas passagens têm inúmeros aspectos em comum. Primeiro, apenas as

mulheres tocavam os instrumentos e dançavam. Elas eram separadas dos

homens. Segundo, o uso de instrumentos é sempre usado em conjunto com a

74 “O nome hebraico deste instrumento musical é toph. O trimbal, tymanum ou tamborim foi usado

principalmente por mulheres, e foi empregada em danças de coreografia, em ocasiões religiosas ou procissões

festivas... O princípio (caráter) do toph, ou tamborim era de uma pele trabalhada que era esticada sobre um

arco de barril ou quadro”. (James Anderson. Calvin’s Commentaries on the Psalms, vol. 5, p. 310, rodapé 3).

O trimbal era muito similar ao moderno tamborim. Era tocado com as mãos, pequenos bastões ou com um

chicote emaranhado com muitas tiras.

dança; os dois nunca são separados. Terceiro, em cada exemplo existe uma

comitiva ou uma caminhada (caminhada ao Templo, por exemplo). Quarto, cada

ocasião é uma resposta direta a uma grande vitória nacional ou local; isto é,

estas são celebrações extraordinárias e não nunca estabelecem um momento de

adoração (Embora houvesse dança anual entre as filhas solteiras de Siló, cf. Jz.

21: 19-23.). Quinto, essas celebrações foram eventos ao ar-livre, ou seja, elas

nunca ocorreram no tabernáculo, no templo ou na sinagoga.

EsSas celebrações de vitórias nacionais ou locais com mulheres

dançando, cantando e tocando tamborim justificam o uso de instrumentos

musicais no culto público? Não, de forma alguma. Embora essas celebrações pelo

povo de Deus tenham sido feitas para a glória de Deus, há várias razões porque

elas não devem ser classificadas como assembléias formais de culto público.

Primeiro, mesmo que nós repetidamente encontremos (em registros bíblicos)

grupos de mulheres dançando, cantando e tocando instrumentos em celebração

ao ar livre, nós nunca encontramos mulheres dançando e tocando instrumentos

no tabernáculo, templo ou sinagoga. Segundo, a Bíblia diz que toda coisa exigida

para o culto de Deus no deserto foi mostrada para Moisés no Monte. (Ex. 25:40;

Hb. 8:5). Mesmo assim, não existem instruções na Escritura dando a mulheres

autorização para dançar e tocar instrumentos no tabernáculo. Terceiro, no

registro bíblico, Miriã lidera um grupo de mulheres que cantam, dançam e tocam

tamborim. Contudo o serviço no tabernáculo que foi prescrito por Deus foi

liderado e conduzido apenas por homens levitas. O uso de instrumentos musicais

no templo (como notificado antes) também foi reservado para o sacerdócio

levítico, o qual eram todos homens. Quarto, estas passagens são realmente

desnecessárias para aqueles que estão buscando uma sanção divina para o uso de

pianos e órgãos no culto público da Nova Aliança; pois mesmo se lhes pudessem

ser aplicados para o culto formal da Nova Aliança eles provariam que: apenas

mulheres poderiam tocar instrumentos musicais, apenas em conjunto com dança

feminina. Tal prática pode ser aceitável nas baladas modernas do “rock in roll”

carismático, mas é simplesmente inaceitável para a maioria dos Presbiterianos

conservadores. O autor não conhece nenhum pastor ou presbítero Presbiteriano

que creia na Bíblia e que permita mulheres dançando, pulando e tocando

tambores nos corredores da igreja, no culto. “A dança era um ingrediente

essencial no serviço em que os instrumentos eram usados e não pode, por

raciocínio algum, ou qualquer evidência obtida, ser excluída. Se

instrumentalização nesta ocasião proporciona uma sanção para o uso de

instrumentos no culto da presente dispensação e esta instrumentalização foi com

o propósito de liderar a dança, não há escapatória para a conclusão de que a

dança tem pelo menos uma sanção satisfatória no culto do Novo Testamento

como o tem o uso de instrumentos”.75

4. As Trombetas da Proclamação

Em Números 10:1-10, Deus ordenou a fazer e usar duas trombetas de

prata. O uso dessas trombetas foi cuidadosamente prescrito por Deus. As únicas

pessoas autorizadas para tocar essas trombetas eram “os filhos de Arão, os

sacerdotes” (v.8). Quando ambas as trombetas eram tocadas, toda a assembléia

do povo se reunia junto à porta do tabernáculo da reunião (v.3). Quando apenas

uma trombeta era tocada, apenas os líderes se reuniam (v.4). As trombetas eram

usadas para “o som do chamado” para que os israelitas começassem suas

jornadas (vv.5-7) e eram tocadas para “soar um alarme” para se ir à guerra. As

trombetas eram também tocadas “através” ou durante os sacrifícios do

tabernáculo.

Visto que as trombetas não eram tocadas durante louvores

congregacionais ou o louvor levítico, e já que o propósito delas em todo capítulo

era de anunciar (proclamar) alguma coisa ou soar um alarme, é provável que o

propósito das trombetas durante o sacrifício era de proclamar ao povo o

momento preciso que o sacrifício estava ocorrendo. Todos, sem dúvida,

enfatizariam a solenidade e a importância do sacrifício. “Mas mesmo que alguém

insistisse que essas trombetas foram usadas, em certo sentido, como

75 D. W. Collins. Musical Instruments In Divine Worship Condemned by the Word of God. (Pittsburgh:

Stevenson and Foster, 188), p. 38.

instrumentos de música no culto, ainda seria verdade que isso se tornaria real

apenas quando – e por causa – de uma ordem divina então dada. Se isto é o

começo do uso de instrumentos no culto, em outras palavras, é digno de nota

que era uma ordem inicial”.76 Além do mais, deveria ser também observado que

somente aos sacerdotes (os filhos de Arão) foi permitido por Deus o tocarem as

trombetas; e o uso delas (durante a assembléia religiosa) ocorreu apenas durante

o sacrifício. Conseqüentemente, elas estavam diretamente associados aos rituais

cerimoniais.77 O tocar cerimonial destas trombetas durante o sacrifício no

tabernáculo poderia ser considerado o botão e a flor que desenvolveriam durante

a mais suprema ordem cerimonial instituída por Davi para o Templo. Ao invés de

duas trombetas solitárias durante o sacrifício no tabernáculo, o templo também

tinha um coral levítico, címbalos, harpas e liras tocando tudo ao mesmo tempo.

Ambos eram levíticos e cerimoniais e ambas ocorreram durante o sacrifício.

5. Instrumentos Musicais e os Profetas Primitivos

Há dois exemplos do uso de instrumentos musicais pelos profetas. O

primeiro exemplo é a comitiva dos profetas em 1 Samuel 10: 5: “Então seguirás a

Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos filisteus, e há de ser que, entrando na

cidade encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, precedidos de

saltérios e tambores e flautas e harpa, e eles estarão profetizando”. O segundo

exemplo é a profecia de Eliseu contra Moabe: ‘“Ora, pois, trazei-me tangedor.

Quando o tangedor tocava veio o poder de Deus sobre Eliseu. Este disse: “Assim

76 G. I. Williamsom. Instrumental Music in the Worship of God: Commanded or not Commanded?, p. 5.

77 “Nenhuma salmodia foi empregada quando as trombetas foram primeiro introduzidas, mas quando uma

salmodia foi preparada e formalmente introduzida no templo por Davi, as trombetas foram empregadas

conjuntamente com a voz e com os instrumentos empregados pelos Levitas. A conecção das três trombetas, a

voz e os instrumentos – era tão essencial que a cada ocasião em que se observa a voz e os instrumentos sendo

empregados na salmodia do templo, o uso de trombetas é especificado também. Isto é especialmente

observável na ocasião da dedicação do templo, em que os quatro mil cantores e tocadores de instrumentos dos

Levitas conjuntamente com cento e vinte tocadores de trombetas dos sacerdotes, soavam em uníssono. O

grande aspecto deste som uníssono era que as trombetas, nas mãos dos sacerdotes, tinham um cunho

cerimonial. De maneira que, em 1 Cr 25:5 é dito: ‘Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do Rei nas

palavras de Deus para levantar a corneta’. A corneta é a trombeta, e os Levitas estão aqui representados

claramente como agindo nessa relação cerimonial como sacerdotes designados por suas consagrações

originais”. (D.W. Collins, p 60-67).

diz o Senhor: Fazei neste vale covas e covas”’. (2 Reis. 3:15 –16). Nestes dois

exemplos o uso de instrumentos musicais era intimamente conectado com a

profecia.

Estas passagens justificam o uso de instrumentos musicais no culto

público? Não, pois estes exemplos não se referem a culto público. No exemplo a

respeito de Eliseu, é claro que ele não estava cantando louvores a Deus, mas

falando a palavra do Senhor. No exemplo dos profetas descendo a montanha não

há possibilidade que alguém possa dizer se eles estavam cantando ou não. Mesmo

se eles estivessem cantando, este exemplo, não seria um caso de um culto

público, mas de uma festiva procissão. Se este preferível exemplo raro em 1

Samuel 10 realmente justifica o uso de instrumentos musicais no culto público,

apenas autorizaria o uso deles de acordo com profecia ou revelação direta. Visto

que, o oficio profético cessou com o fechamento do Cânon do Novo Testamento,

esta passagem não é aplicável para a igreja da Nova Aliança. Além disso, dada à

prova de que instrumentos musicais foram apenas usados por sacerdotes e levitas

durante o culto no templo e não foram usados na Sinagoga Judaica até 1810 d.C.

na Alemanha, pode-se concluir seguramente que os próprios judeus não

consideraram este exemplo em 1 Samuel como uma justificativa para

instrumentos musicais no culto público.

Para que propósito servia a música nestes exemplos? Muitos

comentaristas argumentam erradamente que instrumentos foram usados para

induzir um estado de êxtase para produzir uma certa atitude apropriada para

receber a revelação divina. Entretanto, a Bíblia ensina que os profetas falaram

porque o Espírito Santo os moviam (2 Pe. 1: 21). Além disso, a maioria dos

profetas profetizaram sem música. Portanto, a teoria do êxtase induzido deve

ser rejeitada. A música pode ter sido um sinal externo da obra do Espírito Santo.

Qualquer que fosse o propósito do acompanhamento musical para a profecia

certamente não proporciona uma base para o uso de instrumentos musicais no

culto público hoje.

6. A Introdução da Música no Culto Público

Além das trombetas de prata introduzidas por Deus no serviço do

tabernáculo sobre responsabilidade de Moisés, Deus apontou instrumentos

adicionais perto do término do reinado do Rei Davi78. Estes instrumentos foram

provavelmente introduzidos em antecipação à fase de acabamento do Templo

com Salomão. Um estudo cuidadoso do uso de instrumentos musicais no culto na

Antiga Aliança revela que instrumentos musicais foram apenas tocados por certas

classes autorizadas de Levitas. Os não-levitas nunca usaram instrumentos

musicais no culto público. Os instrumentos musicais que foram usados não foram

escolhidos arbitrariamente por homem, mas foram projetados pelo Rei Davi

debaixo da inspiração divina. Também, instrumentos musicais eram apenas

usados em conjunto com sacrifícios de animais. Durante o serviço do Templo,

instrumentos musicais eram apenas tocados durante o sacrifício. Um estudo

objetivo de instrumentos musicais no culto público da Antiga Aliança prova que o

seu uso na adoração pública era cerimonial. Este argumento é consideravelmente

reforçado pelo fato histórico que instrumentos musicais não eram usados na

sinagoga ou na igreja apostólica.

O primeiro exemplo registrado de instrumentos musicais sendo usados no

culto público ocorreu durante as festividades e cerimônias quando a arca de Deus

foi transportada para Jerusalém. “Davi e todo o Israel alegravam-se perante

Deus com todo o seu empenho, em cânticos, com harpas, com alaúdes, com

tamboris, com címbalos e com trombetas”. (1 Cr 13:8). Esta tentativa de trazer a

arca de Deus para Jerusalém falhou porque o povo envolvido não seguiu “o que

fora ordenado” (15:13). O povo não fez o que Deus tinha mandado.79 Noutras

78 “Davi encontra-se como a figura central entre Moisés e Cristo, e a época exata para a introdução da grande

ordem cerimonial, a qual ele deu para o culto a Deus, fora significante para maior perfeição e glória da Igreja

do Novo Testamento. Pois era o milênio da Igreja Judaica e o apogeu da glória da Nação” (D.W. Collins, p.

66)

79 “Davi procedeu irregularmente, porque ele estava sem autoridade escriturística. Portanto, ao invés de

consultar os sacerdotes e os Levitas, aos quais pertencia a custódia da arca, ele ‘consultou os capitães de mil,

e os de cem e todos os príncipes’, [1 Cr 13:1], ou seja, com conselheiros políticos e militares. Isto, no tempo

moderno, seria considerado como uma interferência erastiana do magistrado civil em sacris. O resultado, no

caso de Davi, implica em um impedimento de se introduzir qualquer observância religiosa sem autoridade

palavras, eles violaram o Princípio Regulador. “Deus fulminou Uzá, não

meramente com um juízo sobre ele por seu ato precipitado e infiel em segurar a

arca, mas como uma admoestação a Davi, sacerdotes, Levitas e todo o povo e

como uma repreensão para todas as gerações futuras para tomar cuidado com a

ordem divina em todas as questões do culto divino. Neste ato Ele deu prova

singular que todo o procedimento estava errado. Tendo a ofensa consistido

apenas em colocar a arca na carroça e Uzá a ter segurado, o remédio foi

imediato. Os sacerdotes e Levitas estavam presentes com a multidão e poderiam

ter sido imediatamente ordenados para tomarem conta da arca, mas todo o

serviço foi rejeitado por Deus como desonra a Ele. Davi depois reconheceu

francamente a desordem de todo procedimento”.80 “Pois visto que não a levastes

na primeira vez, o Senhor nosso Deus irrompeu contra nós, porque então não o

buscamos, segundo nos fora ordenado” (1Cron. 15:13).

O segundo e bem sucedido transporte da arca para Jerusalém dá mais

detalhe a respeito do uso de instrumentos naquele momento. “Santificaram-se,

pois, os sacerdotes e levitas, para fazerem subir a arca do Senhor Deus de Israel.

Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela

estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do Senhor. Disse Davi

aos chefes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, cantores, para que, com

instrumentos musicais, com alaúdes, harpas e címbalos se fizessem ouvir, e

levantassem a voz com alegria. Designaram, pois os levitas a Henã, filho de Joel;

e dos irmãos dele a Asafe, filho de Berequias, e dos filhos de Merari, irmãos

deles, a Etã, filho de Asaias. Assim os cantores, Henã, Asafe e Etã se faziam

ouvir címbalos de bronze. Matias, Elifileu, Micneías, Obede-Edom, Jeiel e

Azazias, com harpas, em tom de oitava, para conduzir o canto. Quenanias, chefe

divina. Se Davi não podia fazê-lo, como isso pode, sem responsabilidade pecaminosa, ser feito pelo homem

no século XIX ? Ao invés de permitir que a arca fosse carregada pelos levitas, ele a colocou em uma carroça –

o qual pensou, sem dúvida alguma, que estava sendo feito com ‘decência e ordem’. Isto, porém, não foi

designado, e conseqüentemente ele errou em fazê-lo”. (James Glasgow. Heart and Voice: Instrumental Music

in Christian Worship not Divinely Authorized. C. Aitchison; J. Cleeland, Belfast, Northern Ireland, sem data,

p.48). Além disso, se o povo em geral tocou instrumentos musicais (1Cr 13:8) e não apenas os Levitas, isto

também teria sido uma violação da Escritura. Durante a segunda e bem sucedida tentativa de transportar a

arca, isso é observado cuidadosamente, pois apenas os Levitas tocaram instrumentos musicais. (1 Cr. 15:16-

24).

80 D.W. Collins. Musical instruments in Divine Worship, p 51-52.

dos levitas músicos, tinha o encargo de dirigir o canto, porque era entendido

nisso. Sebanias, Josafá, Natanael, Amasaí, Zacarias, Benaia e Eliezer, os

sacerdotes, tocavam as trombetas perante a arca de Deus, Obede- Edom e Jeías

eram porteiros da arca”. ( 1Cr 15: 14-17, 19, 21-22,24).

Observe que apenas os Levitas eram designados a tocar os instrumentos

musicais. Na verdade o uso específico de instrumentos musicais era restrito a

certo grupo de Levitas. Revelações posteriores mostram que estas designações

não foram arbitrárias, porém baseadas na ordem de Deus (2 Cr. 29:25). Por

mandato divino, sacerdotes levitas usaram instrumentos musicais em conexão

com a arca da aliança. Os eventos foram também acompanhados por sacrifícios e

ofertas. Até esta época na história de Israel não houve o funcionamento do

tabernáculo ou Templo, apenas a arca era o local da presença especial de Deus

e, portanto o lugar central do sacrifício e holocausto.81 Portanto, o uso levítico

de instrumentos musicais era um aspecto do culto cerimonial.

A Bíblia ensina que a introdução de instrumentos musicais no culto

público de Deus foi por designação divina. “Também estabeleceu os levitas na

casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandato de Davi e de

Gade, o vidente do rei e do profeta Natã, porque este mandado veio do Senhor,

por intermédio de seus profetas”. (2 Cr. 29:25). Note, que o Princípio Regulador

do Culto era rigorosamente seguido. Instrumentos musicais não foram usados até

Deus ordenar o uso deles. Ninguém, nem mesmo os reis, tinham autoridade de

introduzir uma inovação no culto sem instruções de Deus para fazê-lo.

Deu Davi a Salomão, seu filho, a planta do pórtico com as suas casas, as

suas tesourarias, os seus cenáculos, e as suas câmaras interiores, como também

da casa do proprietário. Também a planta de tudo quanto tinha em mente, com

referência aos átrios da casa do Senhor, e a todas as câmaras em redor, para os

tesouros da casa de Deus, e para os tesouros das causas consagradas. “Tudo

81 “O primeiro uso aceitável de instrumentos no culto de louvor da Igreja foi na inauguração da adoração

templica por Davi e empregado exclusivamente naquele culto. Nós não temos outro exemplo registrado até ao

fechamento do canon da Escritura do uso de instrumentos separados da forma peculiar dado na sua

inauguração por Davi”. (D.W. Collins, p. 55).

isto”, disse Davi, “me foi dado por escrito por mandado do Senhor, a saber,

todas as obras desta planta”. (1 Cr. 28:11-13,19).

A Sagrada Escritura enfatiza que Davi recebeu os projetos, divisões e

tarefas relacionadas com o Templo por inspiração divina.82 Nada relacionado com

o Templo e seu culto se originou da imaginação do homem.

Sempre que práticas novas de culto foram introduzidas, Deus deixou bem

claro que Ele – não o homem – era a fonte das novas adições. Portanto, quando

adições eram feitas sob a administração de Moisés, nos é explicitamente

revelado que estes acréscimos vinham por meio de divina inspiração (Ex. 25:9,

40; 27:8). As adições que vieram sob o reinado de Davi também vieram por meio

de revelação divina.83 O sistema do culto no templo estabelecido por Deus

durante o reino de Davi não recebe adições ou alternativas até a morte de Jesus

Cristo. O fato de que novas revelações foram precisas para a introdução de

instrumentos musicais no culto público é prova adicional que por milhares de

anos, de Adão até o reinado de Davi, o verdadeiro e aceitável culto foi oferecido

a Deus sem o acompanhamento de instrumentos musicais.

Na Antiga Aliança, instrumentos musicais no culto público foram sempre

em função do sacerdócio levítico. Por quê? Porque o uso deles era intimamente

conectado com o sacrifício de animais. Na verdade, durante o serviço no Templo

os instrumentos de música eram apenas tocados durante o sacrifício. Quando o

sacrifício não estava em progresso, eles cantavam louvores sem o

acompanhamento de instrumentos musicais. “Também estabeleceu os levitas na

casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi e de

Sade, o vidente do rei e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor,

82 Assim como Moisés recebeu por inspiração divina o padrão do tabernáculo e até de suas vasilhas (Ex. 25:9,

40, 27:8), assim o escritor de Crônicas, enquanto dando a Davi os créditos de preparar os planos do Templo,

declara que Yahweh era a origem do conhecimento de Davi. “A mão de Yahweh sobre...” É uma expressão

freqüente para a inspiração divina (cf. 2 Rs 3:15; Êx 9:3; 13:14, etc). (Edward Lewis Curtis and Albert

Alonzo Madsen, A Critical and Exegetical Commentay on the Books of Chronicles [Edinburgh: T&T Clark,

1976 (1910)], p. 229).

83 “Esta maneira de adorar a Deus através de instrumentos musicais não tinha até então sido usada. Mas Davi,

sendo um profeta, o instituiu por direção divina, e os adicionou às outras ordenanças carnais para aquela

dispensação, como o apóstolo a chama (Cf. Hb. 9:10). O Novo Testamento mantém o cântico dos salmos, mas

não designou música na Igreja” (Matthew Henry, Matthew Henry’s Commentary on the Whole Bible [T&T

Clark], Vol. 2, p. 875).

por intermédio de seus profetas. Estavam, pois, os levitas em pé com os

instrumentos de Davi, e os sacerdotes com as trombetas. Deu ordem Ezequias

que oferecessem o holocausto sobre o altar. Em começando o holocausto,

começou também o cântico ao Senhor com as trombetas, ao som dos

instrumentos de Davi, rei de Israel. Toda a congregação se prostrou, quando se

entoava o cântico, e as trombetas soavam, tudo isto até findar-se o holocausto”.

(2 Cr 29: 25-28). Quando o sacrifício começou, o uso de instrumentos musicais

pelos Levitas também iniciou. Quando a oferta terminou, o uso de instrumentos

também cessou.

Não é óbvio para o intérprete imparcial que a música instrumental serviu

como uma função cerimonial?84 E tipificou algo a respeito do sacrifício perfeito

que viria?85 Os cultos cerimoniais do Templo, pelas representações audíveis e

visuais, ensinaram ao povo de Deus várias coisas a respeito de redenção perfeita

do futuro Messias. Portanto, a Escritura Sagrada diz que os Levitas foram

separados para “profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos” (1 Cron. 25: 1).

G. I. Williamson escreve:

84 “Os Levitas sob a lei eram justificados em fazer uso de instrumentos musicais no culto a Deus; foi Sua

vontade treinar Seu povo, enquanto eles eram ainda tenros e como crianças, em tais rudimentos, até a vinda de

Cristo. Mas agora, quando a clara luz do Evangelho dissipou as sombras da Lei e nos ensinou que Deus é para

ser adorado de uma forma mais simples, seria uma consideração insensata e errônea imitar aquilo que os

profetas desfrutaram e que apenas estava sobre aqueles da sua época. Disto, é evidente que os Papistas têm

demonstrado ser extremamente macacos-de-imitação ao transferir isto a eles mesmos” (João Calvino,

Commentary on The Book of Psalms, (Grand Rapids: Baker House, 1981) Vol. 2, p. 312).

85 Determinar exatamente o que o uso cerimonial de instrumentos no culto público tipificava não é fácil. O

teólogo Presbiteriano americano John L. Gerardeau escreve: “A música instrumental na adoração templica

tipificava a alegria e o triunfo do povo de Deus que iria culminar na efusão abundante do Espírito Santo nos

tempos do Novo Testamento... agradou-se Deus em tipificar a alegria espiritual que viria a brotar de uma

possessão mais rica do Espírito Santo através do sensível som produzido pela melodia apaixonante dos

instrumentos de corda e o estrépido (estiado) dos címbalos, pelo bramido das trombetas e o ressoar das

harpas. Era a instrução de suas crianças em uma escola inferior, preparando-as para uma escola superior”.

(Instrumental Music in The Public Worship of the Church, pp.60-63). O ponto de vista de Gerardeau foi

sustentado por inúmeros escritores reformados mais antigos. Dado o fato de que debaixo de circunstâncias

normais os instrumentos foram apenas tocados durante o sacrifício, outra possibilidade é que o uso deles

profetizava os eventos sobrenaturalmente dramáticos ocorridos na crucificação de Cristo. No momento em

que Cristo morreu: “eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo: tremeu a terra,

fundiram-se as rochas, abriram-se os sepulcros” (Mt. 27:51-52). Lucas escreve: “Já era quase a hora sexta e,

escurecendo-se o sol houve trevas sobre a terra até a hora nona. E rasgou-se pelo meio o véu do santuário”

(Lucas 23:45-44). A cacofonia do som durante o sacrifício no santuário central era uma dramática e

deslumbrante inspiração. Os eventos sobrenaturais ao redor do sacrifício de Cristo foram impressionantes e

aterrorizantes. “O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava,

ficaram possuídos de grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mt. 27:54).

O sistema interno do culto cerimonial servia como uma “sombra das

coisas celestes” (Hb. 8:5). Era. “uma parábola para a época

presente” (9:9), mas uma parábola de algo melhor no futuro. Em

palavras mais claras, aqui o drama da redenção foi realizado

simbolicamente. Nós usamos a palavra ‘drama’ porque este culto

cerimonial do Antigo Testamento foi apenas uma representação da

redenção real que era para ser realizado, não com sangue de bois e

bode, mas com o precioso sangue de Cristo. É por isso que esta

impressionante assembléia de músicos era necessária. De uma

maneira similar, um desenho animado é algo pálido em comparação

com a realidade representada. Por isso, os efeitos sonoros e um

pano de fundo musical são tão importantes. Ajudou Seu povo do

Antigo Testamento (como crianças de menor idade, Gálatas 4) a

perceber algo mais nestes sacrifícios de animais do que realmente

estava lá. Então, enquanto o sacrifício era oferecido, as emoções do

povo de Deus eram balançadas por esta grande cacofonia de

música.86

Visto que o Novo Testamento ensina que todos os aspectos cerimoniais de

adoração do Templo foram abolidos, as passagens que falam do uso de

instrumentos musicais no culto público, debaixo do Antigo Pacto, não providencia

sanção bíblica para o uso de instrumentos musicais na adoração pública hoje.

Jesus Cristo, com o perfeito sacrifício Dele mesmo na cruz, considerou o sistema

Levítico inteiro como obsoleto (Cf. Hb. 7:27, 9:28). O inferior (Hb. 9: 11-15), a

sombra (Hb. 10: 1; 8: 4-5), o obsoleto (Hb. 8:13), o simbólico (Hb. 9: 9), e o

86 G. I. Williamson. Instrumental Music in the Worship of God: Commanded or not commanded? pp.7-8.

“Deixemos bem claro desde o início que, mesmo que nós falhemos, para satisfação dos instrumentistas, em

demonstrar a coisa particular tipificada pela musica instrumental, o argumento para o uso cerimonial desta de

modo algum cai por terra. Pois nós afirmamos que o significado definitivo de muitos rituais cerimoniais e

coisas afins nunca foram satisfatoriamente determinados, tanto pelo Judaísmo moderno quanto pelo ensino

cristão. Tipologia é um sistema de profecia. Símbolos ‘prefiguram, enquanto profecias predizem’ a mesma

coisa, e se o significado definitivo de muitas profecias não pode ser apurado, muito menos o pode o de muitos

daqueles símbolos” (D.W. Collins, pp.57-58). Fairbairn escreve: “Longe de nós fazer de conta que

dominamos toda a dificuldade ligada ao gerenciamento prático do assunto, reduzindo-o a um todo numa clara

e inquestionável certeza. Ninguém esperará isto; ninguém que corretamente entenda a natureza do problema e

considere tanto a imensidão do campo que se estende quanto o caráter peculiar do terreno que aborda.”

(citado por Collins, p.58).

ineficiente (Hb. 10: 4) foram substituídos por Jesus Cristo e Sua obra. Os cristãos

não podem mais ter interesses em usar instrumentos musicais no culto público do

que usar vestimentas sacerdotais, velas, incenso, altares e um sacerdócio

sacerdotal.87

Católicos Romanos estão sendo simplesmente consistentes quando

eles incorporam todas as “sombras” ab-rogadas no sistema de adoração deles.

Gerardeau escreve: “aqueles que têm urgentemente insistido nisto [instrumentos

musicais no culto público] têm agido com consistência lógica em importar

sacerdotes na Igreja do Novo Testamento; e como sacerdotes devem sacrificar,

cuidado, o sacrifício da missa! Instrumento musical pode não parecer está no

mesmo pé de igualdade com esta corrupção monstruosa (missa), mas o princípio

que permeia ambos é o mesmo; e que se nós estamos satisfeitos com um simples

instrumento, a corneta, o baixo, o órgão ou levando para um desenvolvimento

natural da arte orquestral, as pompas catedrais e todo espetáculo magnificente

de Roma. Nós somos cristãos e nós somos falsos para com Cristo e para com o

Espírito de graça quando nós freqüentamos o ritual ab-rogado e proibido do

templo Judeu”.88

Cristãos reformados devem notar que mesmo se estas passagens do Velho

Testamento de fato autorizaram o uso de instrumentos musicais na era da Nova

Aliança, eles apenas autorizariam certos instrumentos e não outros. Trombetas

de prata foram especificamente autorizadas por Deus nos dias de Moisés (Num.

10:1,2,10); e instrumentos de corda, harpas e címbalos (instrumentos de Davi, 2

Cron. 29:26) foram autorizados para o uso debaixo do Reinado de Davi (1 Cron.

15:16; 23:5; 28:13, 19;2 Cron. 29:25-27, etc.). Alguns eruditos (baseados nas

87 João Calvino concorda: “Não tenho dúvida de que tocar por meio de címbalos, manuseando a harpa e os

instrumentos de corda, e todo aquele tipo de música, o qual é freqüentemente mencionado nos Salmos, era

uma parte da educação; isto é, a instrução pueril [i. e., imatura] da lei: Eu falo do culto estabelecido no

templo. Pois, mesmo hoje em dia, se os crentes optarem por se alegrar com instrumentos musicais, eles

deveriam, eu acho, ter como objetivo não separar a animação deles dos louvores a Deus. Mas, quando eles

freqüentam suas assembléias sagradas, instrumentos musicais celebrando louvores a Deus não seriam mais

apropriados do que a queima de incenso, a iluminação das velas e a restauração das outras sombras da lei. Os

Papistas, portanto, tolamente pegaram isto emprestado, tanto quanto muitas outras coisas dos judeus. Pessoas

que gostam de exibição externa podem se deleitar com este barulho; mas a simplicidade que Deus nos

recomenda através do apóstolo é muito mais agradável a Ele”. (Commentary on the Book of Psalms, Vol. 1, p.

539).

88 John L. Girardeau, Instrumental Music in the Public Worship of the Church, p. 79.

passagens como 2 Samuel 6:5 e Salmo 150) também incluem a gaita de fole ou

flauta. A Bíblia indica que as escolhas desses instrumentos e até mesmo seus

moldes não eram arbitrárias. Os Levitas tinham que usar apenas aqueles

instrumentos escolhidos por Deus. Em lugar nenhum da Bíblia alguém pode

encontrar autorização para pianos, órgãos, violinos, baixos, guitarras de seis

cordas, bateria e outros. Se alguém que inferir do uso levítico de instrumentos de

corda que guitarras, banjos, violinos e baixos são permitidos no culto público,

então ele tem um grande problema. Por quê? Porque os dois instrumentos de

corda que Deus autorizou para o culto público (o kinnôr e o nêbel) tinham dez

(Cf. Salmo 33:2; 92:3; 144:9) oito (de acordo com os títulos do Salmo 6 e 12), e

possivelmente 12 (de acordo com Josephus) cordas, nunca quatro ou seis. Além

do mais, baixos e guitarras modernas não suscitam semelhança com aqueles

instrumentos antigos. Se (como notificado antes) os instrumentos de Davi foram

introduzidos e planejados debaixo da inspiração divina, então Igrejas que dizem

aderir ao principio regulador (que aponta para o uso levítico como justificativa

para o uso de instrumento hoje) deveriam fazer uma séria tentativa para

produzir estes antigos instrumentos.89

89 Os dois tipos de instrumento de corda usados em adoração pública pelos Levitas foram o kinnôr e o nêbel.

Os nomes de instrumentos musicais na Bíblia são tormentos para os tradutores. A palavra kinnôr é traduzida

verdadeiramente como: “lira” (RSV, NIV); “harpa” (KJV, NKJV, NEB) e “saltério” (KJV, NKJV). Nêbel é

traduzido como “harpa” (NIV, RSV), “alaúde” (RSV, NEB, RJV, NKJV), “saltério” (KJV) e “viola” (KJV).

“de acordo com Josephus o kinnôr tinha dez cordas e era tocado com uma pluma (i. e., um pequeno pedaço de

metal, marfim ou chifre que um músico usa para bater nas cordas de um instrumento} ... mas, Davi tocou sua

lira ‘com suas mãos’ quando confortava Saul (I Samuel 16: 23) o qual sugere que o kinnôr era também

dedilhado para produzir um som mais suave e mais consolador. A figura permanece mostrando os tocadores

de lira com ou sem a pluma e a kithera grega era tocada em ambas as formas... O nêbel é virtualmente sempre

mencionado junto com a lira-kinnôr e deve ter todo um caráter similar ou pelo menos complementar.

Comparando os dois, a Misha colocava que as cordas do nêbel foram feitas de um longo intestino de ovelha, e

aquelas cordas do kinnôr de intestino menor da ovelha (kinnin iii. 6). Tendo cordas mais grossas, o registro

dos instrumentos era, portanto, presumivelmente mais baixo e seu som possivelmente mais alto do que do

kinnôr... O termo asôr, lit. ‘dez’, aparece apenas nos Salmos, duas vezes descrevendo nêbel (33: 2; 244:9)”

(D. A. Foxvog e A D. Kilmer in “General Education”, Geoffrey W. Bromiley,. The Internacional Standard

Bible Encyclopedia (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1986, [1915]. Vol. 3, p. 441-442). Dado a evidência

escriturística e histórica pode ter existido duas versões do kinnôr (oito e dez cordas) e duas versões do nêbel (

oito ou dez cordas). Se as cordas do kinnôr eram tocadas com um pedaço de marfim ou metal, seria mais

semelhante ao moderno cravo do que a guitarra.

Todos os exemplos do Antigo Testamento do Uso de

Instrumentos Musicais no Culto Público são

Cerimoniais

Aqueles que estão buscando uma sanção divina para o uso de instrumentos

musicais no culto público certamente não podem apelar para o uso levítico,

sacerdotal e cerimonial deles no templo durante o sacrifício como uma

justificativa para o uso dele hoje. Entretanto, não existem exemplos do uso de

instrumentos musicais no culto público fora do templo? Sim. Um exame cuidadoso

do Antigo Testamento revela apenas cinco exemplos do uso fidedigno de

instrumentos musicais na adoração pública fora do templo.

1. O transporte da arca de Deus para Jerusalém (1Cron. 15: 14-28).

2. A cerimônia dedicatória festejando o acabamento do Templo de

Salomão (2 Cron. 5:11-14).

3. A cerimônia dedicatória festejada no acabamento da fundação do

segundo templo (Ed. 3: 10-11).

4. A cerimônia dedicatória festejada no acabamento do muro de

Jerusalém (Ne. 12: 27-43).

5. A procissão triunfal para Jerusalém e para o templo depois do Senhor

derrotar milagrosamente o povo de Amom, Moabe e do Monte Sear (2

Cron. 20: 27-28).

Estes exemplos são as únicas esperanças para aqueles que buscam uma

sanção escriturística para instrumentos musicais do Antigo Testamento.90 Pode

90 O autor não inclui o coroamento de Joás: “Ouvindo Atalia o clamor do povo que corria e louvava o rei, veio

para onde este se achava na casa do Senhor; olhou, e eis que o rei estava junto a coluna, a entrada, e os

capitães e as trombetas junto ao rei, e todo o povo da terra se alegrava, e se tocaram trombetas. Também os

castores com os instrumentos músicos dirigiam o canto de louvores. Então Atalia rasgou os seus vestidos e,

clamou: ‘Traição! Traição!’” (2 Cron. 23: 12-13). Embora este evento tenha ocorrido no templo e os levitas

tocaram instrumentos musicais e cantaram, este evento não parece ser um serviço de culto, mas um certo tipo

de coroação pública. Além disso, não está claro se as pessoas estavam apenas exaltando o novo rei ou

exaltando o rei e então louvando Jeová. O que é claro é que o tema deste livro é apoiado por 2 Crônicas

23:18, “Entregou Joiada a superintendência da casa do Senhor nas mãos dos sacerdotes Levitas, a quem Davi

alguém encontrar um uso não-cerimonial, não-levítico dos instrumentos musicais

nestes exemplos ? Não. Existem inúmeras razões porque o uso de instrumentos

musicais nestes exemplos devem ser considerados cerimoniais. Primeiro, note

que em cada exemplo apenas Levitas eram permitidos tocar instrumentos (1

Cron. 15:16-24; 2 Cron. 5:12-13; Ed. 3:10; Ne 12:35-36).91 Segundo, os

sacerdotes e Levitas apenas tocaram instrumentos que eram autorizados por

Deus: as trombetas de prata de Moisés e os instrumentos de Davi (1 Cron. 15:16,

28; 2 Cron. 5:12; 20:28; Ed. 3:10; Ne. 12:27, 36). Terceiro, cada exemplo ou era

conectado com a arca e o templo ou com o muro protetor do santuário central.

A procissão de vitória registrada em 2 Crônicas 20 terminou no templo (v.28). As

cerimônias dedicatórias com o uso levítico de instrumentos nunca ocorreram fora

de Jerusalém, o lugar do templo – o lugar central do sacrifício. Quarto, os

serviços dedicatórios envolveu sacrifícios e holocaustos (1 Cron. 16: 1-2, 2 Cron.

7:1, 5-6; Ne. 12:43). Na realidade, os holocaustos e as ofertas pacíficas foram o

clímax destes serviços. Além disso, todos estes exemplos ocorreram em

circunstâncias históricas únicas. Foram serviços extraordinários envolvendo o

magistrado civil, o sacerdócio levítico, a nação inteira e eram todos intimamente

ligados ao templo cúltico. Estes exemplos do uso de instrumentos musicais no

culto público são obviamente cerimoniais,92 e portanto, são desnecessários para

aqueles que buscam sanção para pianos, órgãos e guitarras.

designaram para o encargo da casa do Senhor, para oferecerem os holocaustos do Senhor, como está escrito

segundo na lei de Moiséis, com alegria e com canto, segundo a instrução de Davi:” Aqueles santos do Antigo

Testamento (diferente da maioria das denominações Presbiterianas e professores do seminário) apoiaram-se

numa rígida, severa e uma visão sem comprometimento do princípio regulador do culto.

91 A única exceção é do Rei Davi que se vestiu em um manto de linho fino e estola sacerdotal (Cron. 15: 27),

tocou música (15:29) e ofereceu ofertas pacíficas e holocaustos com os sacerdotes (Cron. 16: 1-2). Davi (em

uma maneira mais singular do que os Reis do Antigo Testamento que ofereceram sacrifícios) tornou-se um

sacerdote para a ocasião. “Davi pareceu ser o líder no serviço e, portanto, colocou a estola de um sacerdote,

talvez indicando que ele tinha a comissão divina para introduzir ingredientes novos no serviço do templo, do

qual isto era à parte, como Moiséis introduziu o serviço original do tabernáculo” (D. W. Collins p. 29).

92 De todos os exemplo citados, 2 Crônicas 20:28 é a melhor esperança para aqueles que buscam um uso nãolevítico

de instrumentos, pois não é especificamente revelado a nós quem tocou os instrumentos. A passagem

nem mesmo diz especificamente se os instrumentos foram tocados. Porém, o contexto claramente infere que

os instrumentos foram tocados pelos Levitas. No capítulo 20 Judá enfrentou uma grave crise, pois uma grande

multidão das outras nações esta -va vindo atacar Judá (vv. 1-2). O rei e toda Judá reuniram-se no templo para

jejuar, orar e buscar o Senhor (vv. 1-13). O Senhor respondeu através de Jaaziel, um Levita dos filhos de

Asafe (v. 14ff.). As instruções do Senhor foram muito específicas (v. 16 ff). Depois de Deus ter falado por

Jaaziel, o rei e o povo curvaram-se diante do Senhor e os cantores Levitas (os coatitas e coratitas, os filhos de

O registro do uso de instrumentos musicais no livro de Esdras prova que

santos Judeus seguiam o principio regulador do culto. “Quando os edificadores

lançaram os alicerces do templo do Senhor, apresentaram-se os sacerdotes,

paramentados e com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos para

louvarem ao Senhor, segundo as determinações de Davi, rei de Israel”. (Est.

3:10). Observe que por 400 anos depois da morte do Rei Davi as instruções

inspiradas do Espírito que ele deu a respeito do culto estão ainda em força e

severamente seguidos. Não eram apenas os Levitas usando os mesmos

instrumentos ordenados por Deus sob o Reinado de Davi, mas a família levítica

de Asafe ainda tinha responsabilidade no uso dos címbalos (Cf. 1 Cron. 15:19).

Fensham escreve:

Nestes versos as celebrações são descritas depois da fundação ter sido

estabelecida. O papel de liderança era exercido por sacerdotes e levitas. Os

sacerdotes eram vestidos de vestimentas típicas (Cf. Ex 28; 2 Cron. 5:12; 20:21) e

eles tocaram as trombetas. Os levitas tocavam os címbalos (Cf. Salmo 150:5), os

quais consistiam de dois pratos de metais com o qual eles davam o tom (Cf. 2

Cron. 15:16, 19; 16:5; 25:1-6; 2 Cron. 7:6). De acordo com o autor isto era feito

da forma como Davi havia prescrito. Ele era neste estágio considerado como a

figura mais importante que iniciou a música no culto.93

O relato de Esdras é prova indisputável que líderes religiosos e civis da

nação Judaica consideravam a introdução de instrumentos musicais no culto

público como mandado por Deus e um aspecto permanente do sistema do

templo.

Coré, que era um neto de Coate [cf. 1 Cron. 6: 7, 22; 20:/f] ficaram de pé e louvaram ao Senhor. No dia

seguinte o povo se levantou cedo e prosseguiu a Jerusalém e o Senhor mesmo derrotou o povo de Amom,

Moabe e o Monte de Seir. O que é interessante é que os levitas iam diante do exército cantando louvores (v.

21). Depois o Senhor matou todos seus inimigos, ele retornou a Jerusalém e para o templo. “com instrumento

de corda, harpas e trombetas”. O capítulo inteiro descreve como se o templo de adoração continuasse diante

do exército, deixa Jerusalém e então depois da batalha retorna ao templo. É como se Deus deixasse sua santa

casa, trucidasse os inimigos de Judá e então retornasse para sua casa. Aqueles que não acham que os cantores

eram Levitas deve notar que o verso 21 diz que o rei indicou “aqueles que deveriam cantar louvores ao

Senhor”. Esta é uma referência óbvia para o grêmio de cantores Levitas. Além disso, verso 28, infere o

término da caminhada no templo, nomeia apenas aqueles instrumentos apontados por Davi para Levitas e

Sacerdotes usarem para o culto no templo. Isto não é coincidência. Qualquer interpretação que seja do

Capítulo 2, estes eventos incomuns são claramente não-normativos, de qualquer forma, para o louvor da nossa

congregação da Nova Aliança.

93 F. Charles Fensham. The Books of Ezra and Nehemiah [Grand Rapido: Eerdmans, 1982], p. 64.

Adoração na Sinagoga

Se alguém quer encontrar um uso não levítico, não cerimonial de

instrumentos musicais no culto público, o lugar mais lógico para olhar seria a

adoração conduzida na sinagoga. Por quê? Porque diferente do culto no templo o

qual muito do que tinha era cerimonial, típico e temporário, a adoração na

sinagoga não era típica nem simbólica. “A leitura e exposição da Palavra divina,

estimulada, direciona o cântico dos Salmos e a contribuição de ofertas como

elementos de culto que não podem ser considerados como tipos de sombras

apontando para a realidade substancial que viria. Eles permanecem na classe:

essencial e permanente”. 94 “A adoração na sinagoga era muito diferente

daquela no templo, naquela não havia rituais sacerdotais e não carregava

sacerdócio inviolável”.95 Sabendo que o culto na sinagoga não envolve nada dos

rituais cerimoniais do templo e que um estudo do uso de instrumentos musicais

no culto público na Antiga Aliança mostra que o uso deles era cerimonial e

levítico, alguém esperaria que o culto na sinagoga fosse praticado sem o uso de

instrumentos musicais. Na verdade, isto é exatamente o caso!96 Os Judeus não

usaram instrumentos no culto público, mas cantavam salmos a capella, porque

eles consideravam instrumentos musicais no culto público como pertencendo ao

templo. “Em sua grande obra On the Ancient Synagogue (a antiga sinagoga),

Vitringa mostra que apenas existiam dois instrumentos de som usados em

conexão com a sinagoga e que estes foram empregados, não em culto ou durante

como um acompanhamento, mas como sinais de proclamação – primeiro, para

94 John L. Girardeau, Instrumental Music in the Public Worship of the Church, p. 48.

95 W White, Jr., in Merril C. Tenney, gen. ed., The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible (Grand

Rapids: Zondervan, 1975), Vol. 5, p. 556.

96 M. C. Ramsay escreve: “aqueles que persistem dizer que o culto Judeu tinha associação com os

instrumentos musicais falha em prestar atenção nos efeitos; e alguns dos feitos são os seguintes: O culto

ordinário dos Judeus era aquele da Sinagoga e era sempre sem adornos. Os homens de Israel eram ordenados

a atenderem ao culto do templo apenas três vezes anualmente. Por todo ano relembrado, de Sábado a Sábado,

eles reuniam-se para o culto nas suas sinagogas. Mulheres e crianças iam regularmente a sinagoga onde os

serviços eram marcados por simplicidade... Na sinagoga onde havia cântico congregacional, não existia

instrumento” (Purity of Worship, Presbyterian Church of East Austrália, 1968, p.11).

proclamar o ano novo; segundo, para anunciar o começo do sábado; terceiro,

para publicar a sentença de excomunhão; e, quarto, para proclamar o jejum.

Estes foram seus únicos usos. Não havia sacrifício para que eles tivessem que ser

tocados como no tabernáculo e no templo. E da natureza dos instrumentos é

claro que eles não poderiam ter acompanhado a voz no cântico. Eles eram

apenas de dois tipos – trombetas (tubal) e chifres de carneiros ou cornetas

(buccinae). Tinha mais uma observação, era muito fácil de ser tocado que até

uma criança poderia assoprá-lo. Além disso, eles eram, na maior parte do tempo

usados não só em conexão com os prédios da sinagoga, mas eram tocados nos

telhados das causas para que fossem escutados a distância”.97

Instrumento de música não foi introduzido no culto da sinagoga até o

século XIX.98 O argumento usado para introduzir música no culto da Sinagoga

pelos judeus apóia o ponto de vista que a utilização da música na adoração

pública na Bíblia é cerimonial. Os Judeus que trouxeram música para o culto da

Sinagoga argumentam que música era tocada durante o sacrifício no templo.

Porém, visto que o templo foi destruído (A.D. 70), Deus aceita as orações de Seu

povo como um sacrifício, como expiação. Portanto, na mente deles, música deve

está na casa de oração assim como acompanha o sacrifício de animais. Embora

este argumento seja não escriturístico e é fundamentado em mérito humano

como uma substituição para o sangue expiatório, pelo menos reconhece a

interligação entre a música instrumental e o culto sacrificial. Os Judeus mais

rigorosos (os ortodoxos) ainda não usam instrumentos musicais na adoração,

porque eles reconhecem que era restrito ao sistema templo-levítico de

adoração.

97 John L. Gerardeau, Instrumental Music in the Public Worship of the Church, p. 39-40

98 “Alguns cristãos direcionam a atenção para o fato de que em muitas sinagogas judaicas nestes dias,

instrumento musical acompanha o louvor congregacional. Nesta conecção as seguintes afirmações do Rabbi

R. Brasch de Sydney devem ser úteis. ‘Não há registros definitivos para a real introdução de instrumento

musical na sinagoga até 1810, quando templos Reformados na Alemanha introduziram-no pela primeira vez.

No mundo atual, sinagogas ortodoxas ainda se abstêm da musica instrumental... mas todo templo Liberal e

Reformado acompanha o cântico congregocional e o coral com um órgão. É tanto interessante quanto

informativo perceber que os instrumentos musicais foram primeiro usados nas sinagogas no começo de século

XIX, isto é, mais ou menos ao mesmo tempo em que eles (os instrumentos) começaram a ser introduzidos nas

igrejas protestantes”. [i. e., Presbiteriana] (M. C. Ramsay, Purity of Worship, p. 12)

O fato de que, o templo usou instrumentos musicais enquanto as sinagogas

não usaram, é significativo, pois as primeiras igrejas cristãs foram cópias

próximas da Sinagoga. “O Legado mais importante do primeiro século é que a

Sinagoga era a forma e organização da Igreja Apostólica”99.Na verdade, com o

grande número de judeus que eram salvos e batizados em Jerusalém nos dias

primitivos da Igreja, é provável que algumas Sinagogas tornaram-se Igreja

Cristã.100 “Portanto, não há surpresa em não encontrar instrumentos musicais na

adoração da Igreja primitiva Cristã. Certamente, não é demais dizer que o

testemunho para esta ‘rejeição de todos os instrumentos musicais é consistente

entre os pais’”.101 “Os cristãos primitivos seguiram o exemplo da Sinagoga.

Quando eles celebraram o louvor de Deus nos salmos, hinos e cânticos

espirituais, a melodia deles era fruto dos lábios”.102

INSTRUMENTOS MUSICAIS E OS SALMOS

A maioria das pessoas que argumentam para o uso de instrumentos

musicais no culto público hoje não usa passagens de Crônicas para justificar suas

práticas, mas ao invés disso, citam as referências de instrumentos musicais do

livro de Salmos.103 O problema com esta consideração é que os Salmos

99 W. White, Jr., The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, vol. 5, p. 556. “O termo ‘sinagoga’ é

usado nos evangelhos mais de trinta vezes enquanto uma freqüência bem maior aparece em atos. É admitido

tanto na literatura Talmúdica quanto no N. T. que isto era uma liderança e realização válida de Judaísmo, não

importando se era em Jerusalém ou em Corínto” (ibid.). Entretanto, o começo da adoração na sinagoga é um

mistério encoberto, o fato de que Jesus Cristo e os apóstolos adoraram em várias sinagogas e até expuseram a

palavra, prova que Deus reconheceu sua legitimidade (i. e., tiveram sanção divina).

100 De acordo com o Talmude existiam 480 sinagogas em Jerusalém no tempo da destruição do segundo

templo (A.D. 70). Se mulheres e crianças são levadas em conta então havia provavelmente mais de 15.000

convertidos em Jerusalém dentro de poucas semanas depois do Pentecostes. Porém, muitos dos convertidos

em Jerusalém rapidamente seriam dispersos por uma severa perseguição dos Judeus aos Cristãos.

101 G. I. Willianson. Instrumental Worship in the Worship of God: Commanded or not commanded?, p. 11.

102 Robert B. McCracken, What About Musical Instruments in Worship? (Pittsburgh: Crown and Covenant

Publications, n.d.), região.

103 Por exemplo, Gordon H. Clark escreve: “Em uma ocasião eu fui a uma Igreja Pactuante (Covenanter) por

vários domingos. O auditório estava lotado. O louvor era vigoroso. A pregação era soberba. No final do

culto... a congregação bramiu com o Salmo 150. Era tudo novo para mim e eu quase não me conti de risos.

freqüentemente falam do culto de Jeová usando tipos cerimoniais. Os Salmos

falam da oferta de sacrifício (Sl. 20:3; 54:6; 107:22; 118:27), holocausto (Sl.

20:3; 50:8; 51:19; 66:13; 15), o altar (Sl. 26:6; 43:4; 51:19; 118:27), a casa de

Deus – o templo (Sl. 101:2; 122:1). Os Salmos falam de andar na casa de Deus (Sl.

101:2), de ir para a casa de Jeová (Sl. 122:1), de adorar por meio do templo de

Deus (Sl. 5:7;138:8) e indagar no templo de Deus (Sl. 27:4). Cristãos ortodoxos

não usam passagens dos Salmos que falam de sacrifícios e holocausto na igreja

como texto-prova para oferecer seus sacrifícios na igreja porque eles sabem de

outras porções da Escritura que estes deveres pertenciam ao sacerdócio levítico

e eram do sistema do templo cerimonial que foi cumprido e suplantado por

Cristo. Da mesma forma, claras passagens históricas da Escritura que fala da

utilização de instrumentos musicais no culto público ensinam que o uso deles era

cerimonial. 104 Portanto, as passagens do Salmo que falam de música em

adoração pública não justificam seu uso hoje. Pois se eles justificassem, então

as passagens que mencionam holocausto podiam ser utilizadas para colocar

sacrifícios cerimoniais no culto de hoje. “O argumento deles dos Salmos prova

por demais e, portanto, não tem valor algum.”105 Girardeau escreve: “ Se agora

Ler o Salmo 150 e comparar ou contrastar o que o Salmo ordena e o que os Pactuantes não faziam. Nada que

eu queira ridicularizar os Pactuantes: Bem que eu desejava que outras denominações fossem pelo menos

metade dos pactuantes, de tão bons que são” (Ephesians [Jefferson, MD: Trinity Foudation, 1985], pp. 181–

182). A declaração de Clark revela que ele não está muito familiarizado com os argumentos bíblicos contra o

uso de instrumentos musicais na adoração pública. O fato de que Gordon H. Clark, um Presbiteriano

conservador, um ministro ordenado e excelente erudito, não sabia os argumentos a respeito da música

instrumental no culto, mostra o declínio do Presbiterianismo conservador moderno na área da adoração

bíblica. Além disso, (como observado antes) as denominações que usam pianos, violão e órgãos, certamente

não estão obedecendo o Salmo 150, mesmo se fosse aplicado hoje, pois estes instrumentos modernos não são

mencionados nos Salmos.

104 “Nós podemos ir além e, não só admitir, mas afirmar que os termos ‘cantar’ e ‘cântico’ são termos que,

usados pelos Judeus e especialmente por Davi em inaugurar o serviço de louvor para o uso do templo,

incluem o serviço inteiro das trombetas, harpas, címbalos, saltérios e a voz. É a linguagem descrevendo o som

único – o levantar da trombeta, como a expressão simbólica da oração. Quando o Salmista diz: ‘louvai-o com

saltério’, ele quer dizer nada mais que o uso pessoal e literal do saltério, separando do seu caráter cerimonial,

do que quando diz ‘Eu sacrificarei’ quando quer dizer que vale oferecer sacrifícios separados do uso

cerimonial, ou de que ele mesmo queimaria incenso quando ele diz, ‘Eu oferecerei diante de ti holocausto de

gorduras com incenso’. Nós repetimos, que o sistema inteiro de alusões cerimoniais, incluindo seus aspectos

líricos, era necessariamente mesclado (misturado) com os Salmos e embutido neles (Salmos), como resultado

de terem sido empregados cerimonialmente”. (D. W. Collins, p. 65).

105 John L. Girardeau. Instrumental Music in the Public Worship of the Church, p. 77.

o argumento é plausível, o qual é derivado dos Salmos em apoiar o uso de

instrumentos no culto público da igreja cristã, então, igualmente justifica a

oferta de sacrifícios sangrentos neste culto. O absurdo da conseqüência refuta

completamente o argumento.”106 A única esperança deles seria provar por meio

do culto da sinagoga que instrumentos também tinham uma função cúltica

cerimonial ou achar autorização para instrumentos musicais no culto público no

Novo Testamento. O culto da sinagoga (como observado antes) não envolveu

nenhum instrumento musical. O Novo Testamento não autoriza a utilização de

instrumentos musicais na adoração pública cristã. 107 G. I. Williamson escreve:

“Os fundamentalistas falam em reconstruir o templo de Jerusalém e assim

consideram seriamente o fato de que o culto do Antigo Testamento era ordenado

por Deus. Se nós vamos reavivar o culto cerimonial, noutras palavras, então

vamos pelo menos ser cuidadosos em restaurá-lo exatamente como foi mandado.

Não vamos escolher e selecionar como desejamos. O fundamentalista está

errado, porém, em desejar uma restauração do que se passou é perfeitamente

coerente”.108

A porção da Escritura mais freqüentemente aludida como justificativa

para o uso de instrumentos musicais no culto público da Nova Aliança é o Salmo

150: “Louvai-o ao som de trombeta; louvai-o com saltério e com harpa. Louvai-o

com adufes e danças; louvai-o com instrumentos de corda e com flautas. Louvai-

106 Ibid., p. 78.

107 João Calvino também argumenta que a informação de instrumentos musicais no salmo refere-se a um uso

cerimonial. Seu comentário no Salmo 71:22 diz “Em falando do emprego do saltério e da harpa neste

exemplo, ele faz menção ao costume geral prevalecente daquela época. Para cantar louvores ao Senhor com

harpa e saltério inquestionavelmente formou-se uma parte do treinamento da lei e dos serviços de Deus

debaixo daquela dispensação para serem usados em ações-de-graça pública’ (Vol. 3, p.98). A respeito do

Salmo 92:3, Calvino diz: “ no [terceiro] verso, ele imediatamente direciona os levitas, os quais eram

apontados para o ofícios de cantores de música – não como se isso por si mesmo fosse necessário, apenas útil

como uma ajuda elementar para o povo de Deus nestes tempos antigos ... uma diferença deve ser observada a

este respeito entre o seu povo do Antigo e do Novo Testamento: pois agora que Cristo apareceu e a Igreja

alcançou o apogeu, se vamos apenas enterrar a luz do Evangelho, então deveríamos introduzir as sombras de

uma dispensação passada.”(Vol. 3, p. 494 – 495). Seu comentário no Salmo 149:3 concorda: “ Os

instrumentos musicais que ele menciona são para a infância da Igreja, nem devemos imitar tolamente uma

prática pela qual era intencionada penas para o povo ancestral de Deus” (Vol. 5, p. 312).

108 G. I. Williamson, Instrumental Worship in the Worship of God: Commanded or not Commanded? pp. 9-

10.

o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos retumbantes!” (Vs 3-5). Pessoas

que apelam para o Salmo 150, como uma justificativa para o uso de instrumentos

musicais no culto da Nova Aliança, violam vários procedimentos de padrão

interpretativo. Primeiro, o que este Salmo quer dizer a platéia judaica da Antiga

Aliança? Os Judeus utilizaram este Salmo e tantos outros como justificativa para

inaugurar instrumentos no culto da sinagoga? Não. Eles certamente não fizeram

isso. Sinagogas judaicas não usaram instrumentos musicais em louvor até 1810.

Segundo, esta Escritura pode ser apenas usada como justificativa para o

culto da Nova Aliança, se fosse isolada do resto da Bíblia. Escritura deve ser

utilizada para interpretar Escritura. O contexto amplo da Escritura ensina que:

dançar e tocar tamborim eram performances ao ar-livre durante ocasiões

festivas por mulheres (Ex. 15:20; Jz. 11:34; 21:21; 1 Sam. 18:6; 21:11; 29: 5;

Jer. 31:4); apenas sacerdotes eram autorizados para tocar trombetas no culto

(Num. 10:8, 10; 2 Cr. 5:11-14; 29:26; Ed. 3:10) e harpa, lira e címbalo foram

apenas autorizados para serem tocados pelos Levitas ( 1 Cr. 15:14-24, 23;5,

28:11-13, 19; 2 Cr. 5:11-14; 20:27-28; 29; 25-27; Ne. 12:27, etc.)109 Ignorar

completamente o ensinamento do Antigo Testamento a respeito do uso de

instrumentos na adoração quando se fala do Salmo 150 como texto-prova para

louvores da Nova Aliança é uma exegese malfeita e um método ilegítimo de usar

um texto-prova.

Terceiro, pessoas que utilizam desta passagem como autorização para

instrumentos musicais também ignoram o contexto imediato. Esta passagem é

para ser entendida literalmente? Ou é uma maneira poética de falar do povo de

Deus oferecendo louvores dedicatórios e com fervor por toda parte? Se alguém

entende esta passagem literalmente, então não só a faz se contradizer

109 Deve ser observado que o Antigo Testamento realmente utiliza tipos cerimoniais para descrever

profeticamente a adoração não-cerimonial espiritual na era da Nova Aliança: “Mas desde o nascente do sol

até o poente é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar lhe é queimado incenso e trazidas ofertas

puras, diz o Senhor dos Exércitos”. (Mal. 1:11) “Nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Senhor

será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão

muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine

os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas: porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor de

Jerusalém”, (Isa. 2:2-3). Estas passagens são mencionadas para desfazer a noção de alguns que o Salmo 150 é

uma profecia do culto “celebrativo” que será disseminado no mundo inteiro na era da Nova Aliança.

abertamente com o resto do ensinamento do Velho Testamento a respeito do uso

de instrumentos musicais na adoração, mas também ensina que todo crente deve

tocar instrumentos musicais durante o culto (uma noção absurda). Além disso,

ensinaria que criaturas pagãs e brutas também devem adorar Jeová. A respeito

do Salmo 150:3, Calvino escreve: “Eu não insisto nas palavras em hebraico os

quais conceituam os instrumentos musicais [em outras palavras, eles podem

apenas ser metáforas poéticas exortando os crentes a um louvor maior]; apenas

deixa o leitor lembrar que tipologias variadas e diferentes são aqui mencionados,

os quais foram utilizadas debaixo da economia legal, para mais enfaticamente

ensinar as crianças de Deus que elas não podem por elas mesmas acharem-se

muito diligentes no louvor a Deus”.110

Sabendo que o Salmo 150 incorpora a instrumentalização do templo, o

tocar de tamborins e danças de celebrações de vitórias assim como instrumentos

apenas usados em ocasiões seculares (e.g., V. 4: “instrumentos de corda”

[minnim] e “flautas’ [‘ugabh]); junto com a exortação de que todo ser que

respira louve a Jeová, deveria ser, portanto, óbvio que este Salmo não era para

ser utilizado como um guia de instrução legal para o culto público. Salmo 150 é

uma exortação expressada em linguagem poética, ensinando que todos no céu e

na terra devem louvar a Jeová com cada fibra de seu ser. (Além do mais, como

observado antes, os Judeus da antiga dispensação não consideraram o Salmo 150

como autorização para a utilização de instrumentos no culto público fora do

templo).

Aqueles que buscam autorização para instrumentos musicais no Salmo 150

devem também prestar atenção na palavra santuário no verso um: “Louvai a

Deus no seu santuário”. Se alguém vai usar o Salmo 150 como prova para a

utilização de instrumentos musicais no culto público da Nova Aliança, então este

alguém tem obrigação de usar todos os instrumentos específicos ordenados e

deve também fazer a dança litúrgica. Pastores Presbiterianos, que apelam para

este Salmo como autorização, não podem (de acordo com o modo literal de usá-

110 João Calvino, Commentary on the Psalms, 5:320

lo) proibir de tocar tambores (tamborim) e danças nos corredores durante a

adoração.

Um ponto de vista bíblico do Salmo 150 é mais prontamente encontrado

nos comentários Presbiterianos e Reformados mais antigos: O Pactuante David

Dickson escreve sobre os versos 3 e 5: “Aqui estão outras seis exortações,

ensinando a maneira de louvar a Deus sob a sombra da música tipológica,

apontada na lei cerimonial. De onde aprende: 1. Embora as cerimônias típicas de

instrumentos musicais no culto público de Deus pertencem a pedagogia da

igreja, em sua minoria antes de Cristo, são agora abolidas com o resto das

cerimônias, mas os deveres morais encobertos por elas (cerimônias) são ainda

para serem estudados, porque este dever de louvar a Deus e exaltá-lo com toda

a nossa mente, força e alma, é moral, pela qual nós somos perpetuamente

obrigados”.111

Matthew Henry escreve: “De que maneira este atributo deve ser pago?

Com todos os tipos de instrumentos musicais que foram então usados no serviço

do templo, v. 3-5... Nossa preocupação é saber... que, vários instrumentos

sendo usados em louvor a Deus devem ser feitos com harmonia exata e perfeita;

eles não devem impedir uns aos outros, mas ajudar uns aos outros. A

preocupação do Novo Testamento, ao invés disso, é com a mente e lábios para

glorificar a Deus (Rom. 15:6)... Ele começou com um chamado a aqueles que

tinham um lugar em Seu santuário e eram utilizados no serviço; mas ele conclui

com um chamado a todos os filhos dos homens, em perspectiva ao tempo quando

os gentios deveriam ser levados a igreja, e em todo lugar, assim como era

aceitável em Jerusalém, este incenso deveria ser oferecido, Mal. 1:2.”112

O erudito Batista Reformado John Gill escreve: “Louvai-o com saltério, os

quais as músicas eram cantadas. E com harpas, que eram instrumentos. Ambos

eram usados no culto divino debaixo de antiga dispensação; e pelo qual Davi era

bem habilidoso e deleitado, apontou pessoas próprias para louvar com ele

111 David Dickson, The Psalms (Carlisle, PA: Banner of Truth Trust, 1959 [1653 – 5]) 2:536.

112 Matthew Henry, Commentary on the Whole Bible (McLean, VA: MacDonald, N.D. [1710]) 3: 788 – 789.

(instrumento), 1 Cr: 15: 20, 21. Eles eram tipologias da melodia espiritual feita

nos corações do povo de Deus, enquanto eles estavam louvando-O nos Salmos,

hinos e cânticos espirituais, sob o Evangelho, Efésios 5:19.”113

O Novo Testamento e os Instrumentos Musicais

Até então tem sido observado que a utilização de instrumentos musicais

na adoração pública do Antigo Pacto foi levítico e cerimonial. Estava

intimamente conectado com o tabernáculo e o templo. Também foi visto que o

culto público que acontecia semanalmente na sinagoga judaica ocorreu sem

acompanhamento musical. Os judeus até tempos modernos consideravam o uso

de instrumentos musicais pertencendo somente ao culto do templo. Sabendo que

a Bíblia ensina explicitamente que cada elemento do culto deve ter uma sanção

divina, aqueles que utilizam instrumentos musicais na adoração pública devem

encontrar uma sanção no Novo testamento. O Novo Testamento autoriza

instrumentos musicais no culto público? Não. Não há nenhum vestígio de

evidência no Novo Testamento para o uso de instrumentos musicais.114 A

utilização deles não é ordenada e nem mesmo existe um exemplo histórico do

uso deles na igreja apostólica. Isto não deve ser nenhuma surpresa, dada a

realidade de que a igreja da Nova Aliança era um padrão íntimo da sinagoga, o

113 John Gill. Exposition of the Old Testament (Streamwood, IL: Primitive Baptist Library, 1979 [1910]

4:327).

114 “Para considerar o silêncio do Novo Testamento a respeito do uso de instrumentos no culto, nós achamos

claramente que eles (instrumentos) eram apontados para o templo como um acompanhamento do sacrifício;

que com isto eles (sacrifício e instrumentos) eram conectados e por isso cessaram; na verdade, quando ‘o

tabernáculo de Davi’ caiu [Amós 9:11; :Isa. 16:5; Atos 15:15-17, etc], a indicação davídica dos levitas caiu

com ele (tabernáculo de Davi). Em represária, tentativas são feitas para mostrar que este serviço instrumental

tem um lugar na sinagoga. Mas isto envolve uma dificuldade imensa – pois como a sinagoga proporciona a

plataforma geral da ordem eclesiástica na igreja cristã, se instrumentos pertenceram a sinagoga, eles devem

ter tido o lugar deles na igreja cristã. Mas isto não está de acordo com o fato de que a igreja apostólica não os

usou, nem a igreja pós-apostólica por vários séculos. Pois o uso de instrumentos musicais na sinagoga tem

uma evidencia que é muito evanescente – é com certeza sem nenhuma utilização de instrumentos. É certo que

o Novo Testamento oferece nenhum uso de instrumentos”. (James Glasgow, Heart and Voices: Instrumental

Music in Christian Worship Not Divinely Authorized. [Belfast: C. Aithchison; J. Cleeland, N. D.], p. 12).

qual não usou instrumentos musicais, e a impressionante evidência do Velho

Testamento que música instrumental serviu como tipos cerimoniais.

Embora o Novo Testamento não autorize a utilização de instrumentos

musicais na adoração pública, não se silencia a respeito do culto de Deus. O

autor aos Hebreus diz: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre,

sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (13:15).

“Sacrifícios de animais foi vertido como obsoleto pelo sacrifício de Cristo, mas o

sacrifício de ações-de-graças pode ser oferecido a ele por todos que apreciam o

perfeito sacrifício de Cristo. Não mais em associação com o sacrifício de animais,

mas através de Jesus. O sacrifício de louvor era aceitável a Deus”.115 Visto que

cristãos louvam a Deus por meio de Cristo e pelo seu perfeito sacrifício e não por

tipos cerimoniais (e.g., incenso, velas, instrumentos musicais), ele deve falar

“entre vós com salmos, entoando e louvando (fazer melodia) de coração ao

Senhor, com hinos e cânticos espirituais” (Ef. 5:19). “A palavra grega para ‘fazer

música’ (louvando) é psallo, que significa originalmente ‘dedilhar as cordas de

um instrumento’. Isto dá uma figura linda de como um louvor verdadeiro e

aceitável a Deus realmente é. Desde que a palavra psallo não pode ser separada

da palavra ‘coração’, literalmente significa ‘dedilhar as cordas de seu coração

ao Senhor’. Quando a música do coração é expressa por meio de lábios que

confessam o nome do Senhor, não há necessidade para apoiar instrumentos”.116

“Os ritos levíticos exigiram do povo terreno de Deus a providência material de

oferta: mas os ‘sacrifícios’ de cristãos são totalmente espirituais no seu

caráter”.117 D. W. Collins escreve:

“Pode ser apropriado lembrar o leitor que o apóstolo mostrou aos hebreus que o

sistema cerimonial deles tinha acabado, e que ele incidentalmente refere-se no

nono verso aos sacrifícios oferecidos no altar, e afirma no décimo verso que nós

temos um altar na presente dispensação da qual eles não têm direito de

participar, que adere a dispensação cerimonial. Assim como os corpos de animais,

115 F.F. Bruce, The Epistle to the Hebrews (Grand Rapids: Eerdmans, 1964), p. 405.

116 Robert B. McCracken, What about Musical Instruments in Worship?.

117 Arthur W. Pink. An Exposition of Hebrews (Grand Rapids: Baker, 1954), p. 1217.

pelos quais o sangue era usado no santuário ou templo, foram queimados sem o

campo, da mesma forma Cristo sofreu sem o portão – virou Suas costas para o

serviço cerimonial, como não mais vantajoso. Os hebreus são, portanto, exortados

a seguirem-No esquecendo a Jerusalém literal, com todas as suas associações

cerimoniais – ir em frente sem o campo, agüentando Sua admoestação. Sem

dúvida de que esta admoestação, na experiência de um Hebreu, seria seu

abandono do ritual, o qual era orgulho dos Judeus e aceitar o culto simples do

evangelho, o qual distinguia os seguidores de Jesus”.118

Todos os tipos do templo (a queima contínua de incenso, o sacrifício de

animais, o tocar de instrumentos musicais durantes o sacrifício, etc.) foram

renunciados pela realidade – Cristo. Portanto, cristãos oram e louvam sem o

incenso e sem instrumentos musicais, mas com os lábios apenas.

A glória do templo com sua exibição visível e magnificência audível sem

dúvida alguma estimulou os sentidos e a reverência inspirada, mas agora que

Cristo veio e instituiu ordenanças no Novo Testamento, nosso foco é para ser

inteiramente Nele – a realidade. O simples culto não adornado da era do

Evangelho nos trás a presença do templo maior – Jesus Cristo – quando nós

cantamos cânticos divinos, ouve a palavra de Deus, escuta a pregação e

alimentasse espiritualmente do Corpo de Cristo. Colocar sombras, incenso,

instrumentos musicais, vestimentas, altares, etc., dentro do culto da Nova

Aliança meramente serve para esconder Cristo e Sua glória debaixo de

externalidades obsoletas. “Fazendo assim, seria uma grave desonra para com o

Senhor Jesus, pois indicaria uma maior apreciação dos tipos do que o arquétipo

glorioso, o próprio Salvador”.119

Alguns crentes têm tentado encontrar sanção divina para o uso de

instrumentos musicais no livro de Apocalipse. O livre realmente menciona a

utilização de harpas (Ap. 5:8; 15:2) no céu. O problema com esta consideração é

que Apocalipse freqüentemente usa tipos do Antigo Testamento e símbolo para

representar dramaticamente realidades da Nova Aliança. João continuamente

refere-se a Jesus Cristo como “o cordeiro” (Ap. 5:6, 8, 12-13; 6:1, 16;7:9-10;

118 D. W. Collins, Musical Instrumental in Divine Worship, p. 77.

119 M. C. Ramsay. Purity of Worship. p. 13

12:11; 13:8;14:1, 4, 10, etc.). Ele refere-se a igreja como “o templo” (3:12; 11:

1-2) e a “Nova Aliança” (3:12; 21: 2, 10). João menciona a “arca de Sua aliança”

(11:19) e até descreve um altar (6:9; 8:3, 5; 9:13; 11:1; 14:18; 16:7). Está João

falando de um altar literal? Não. Philip Hughes escreve: “Além do mais, quando

ele diz que ele os viu debaixo do altar, isto não deve ser entendido que existe

um altar literal no âmbito celestial. O altar de sacrifício no sistema Mosaico, com

seu sacerdote e ofertas, direciona tipologicamente ao altar da cruz, onde Cristo,

tanto Sumo-sacerdote quanto Vítima, se ofereceu por nós pecadores”.120 O livro

de Apocalipse menciona incenso (8:4), mas João especificamente diz que o

incenso é o símbolo das orações dos santos. João fala do uso de trombetas (1:10;

4:1; 8:13; 9:14), mas em cada exemplo as trombetas simbolizam vozes ou

proclamação de julgamento. “João não ouve uma trombeta literal, mas o som de

uma voz comparada ao som da trombeta (4:1). De forma similar, a música que

João ouviu (14:2, texto grego) não era o som da harpa. Era o som da voz humana

comparada com os tocadores de harpas dedilhando o tal instrumento de

corda”.121 Como o incenso representou a oração do povo de Deus, as harpas

representaram o louvor dos santos. “O emprego destes símbolos cerimoniais –

entendidos, como eles são, de um sistema ab-rogado – adiante confirma o fato de

que eles não faziam parte da adoração do Novo Testamento”.122 Portanto, o livro

de Apocalipse não mais autoriza o uso de instrumentos musicais no culto público

do que autoriza incenso, altares, trombetas ou templos de sacrifícios. Não se

pode aceitar arbitrariamente um sem aceitar também o outro. O papado está

pelo menos consistente em aceitar todas as tipologias.

120 Philip Edgcumbe Hughes, The Book of the Revelation (Grand Rapids:Eerdmans, 1990), p. 88.

121 G. I. Williamson, Instrumental Music in the Worship of God, p. 10.

122 Ibid. , p. 10.

Conclusão

Um exame da lei escriturística de Deus do culto e do uso de instrumentos

musicais na adoração pública na Bíblia pode-se chegar a apenas uma conclusão. A

utilização de instrumentos musicais no culto público de Deus na era da Nova

Aliança não possui autorização bíblica e não é escriturística. A evidência bíblica

de que o uso de instrumentos musicais na adoração pública era levítica,

cerimonial e tipológica é clara como o cristal e esmagadora. É uma tragédia que

muitos cristãos pensem que estão adorando a Deus aceitavelmente quando eles

estão engajados em práticas cúlticas que não são designações divinas, os quais,

portanto, não podem agradar Jeová. “Não há nada que Deus, em sua palavra

abençoada, defenda com mais zelo do que seu culto, como vimos também não há

nada que Ele repreende com mais severidade do que presunção impenitente do

homem em determinar forma de adoração para ele próprio”.123

Esta conclusão não será aceita por muitos ciclos reformados hoje. Para tais

pessoas nós pedimos: por favor, produza autorização divina para o uso de

instrumentos musicais na adoração pública, mostre-nos apenas uma ordenança ou

exemplo histórico que não seja cerimonial e tipológico. Nós não estamos sendo

preconceituosos contra instrumentos musicais e o uso dele na hora apropriada;

nós simplesmente não encontramos um vestígio de evidência bíblica de que são

para serem usados no culto público da Nova Aliança.

Alguns simplesmente vão arrancar umas poucas referências sobre

instrumentos musicais dos Salmos fora dos seus contextos bíblicos e históricos

como um pretexto, porém a maioria atacarão a lei escriturística do próprio culto.

Ou eles irão abertamente abandoná-lo, relegando-o a uma antiga dispensação124,

123 Thomas E. Peek. Miscellanies (Richmond, VA: The Prebyterian Committee of Publication, 1895), Vol. 1,

pp. 68-69.

124 Douglas Wilson (em Credenda/Agenda) tem argumentado que o princípio regulador aplica-se apenas para

o templo e, portanto, não tem de forma alguma importância no culto cristão. Contudo, tal argumento

completamente ignora o testamento escriturístico a respeito de ambos Velho e Novo culto da Aliança. A

afirmação mais clara na Escritura do princípio regulador (Deut. 12:32) é uma ordem muito ampla e não é de

maneira nenhuma restrita ao tabernáculo. Além disso, está obvio das muitas passagens discutidas neste livro

que o princípio regulador foi aplicado a situações que nada tinham haver com o tabernáculo ou templo (e.g.,

ou eles simplesmente vão redefini-lo, subjulgando-o virtualmente como

desnecessário para apoiar a autonomia humana e a inovação no culto. Este

ataque é uma má distorção das Escrituras, porém lógico para aqueles

apaixonados por tradições humanas. Por quê? Porque o princípio regulador

(biblicamente entendido) é o fundamento do culto reformado verdadeiro e

Presbiteriano. Abandona-lo ou redefini-lo, levará a um declínio inevitável. Por

quê? Porque todo homem, até os regenerados, são pecadores os quais se

deixados por eles mesmos, eventualmente, poluirão e corromperão o culto de

Deus. A história de Israel e da igreja cristã prova esta afirmação. “A grande lição

ensinada pela história do culto-imagem e a reverência de relíquias é a

importância de aderir a Palavra de Deus como a única regra de nossa fé e

prática, recebendo nada como religião verdadeira, a não ser o que a Bíblia

ensina, e admitindo nada na adoração divina que as Escrituras não sancionam

nem ordenam”.125

Outros que objetam a tese deste livro reivindicam que o uso de

instrumentos musicais na adoração pública é uma questão adiafórica – ou seja, é

apenas uma mera “circunstância de adoração comum às ações humanas e

sociedade”.126 Tal afirmação ignora o Velho Testamento inteiro que é claramente

estabelecido que o uso de instrumentos musicais no culto era por autoridade

Gen. 4:3-5; Jer 7:31; 19:5; 1Reis 12: 26-33; Mt. 15:1-3; Col. 2:20-33). Jesus aplicou o princípio regulador nos

Fariseus por adicionar um ritual de limpeza a lei de Deus o qual foi feito em casa e nada tinha a ver com o

templo (Mat. 15:1-3). O apóstolo Paulo acreditou em uma validade permanente do princípio regulador de

Deus e até o aplicou explicitamente a igreja de Colossos (Col. 2:20-33). Os judeus que retornaram da

Babilônia acreditaram que o princípio regulador era para ser aplicado além do templo de adoração, pois eles

aplicaram especificamente no culto da sinagoga. Pastores e eruditos que advogam instrumentos musicais no

culto público, dias santos extrabíblicos (e.g., Natal) e hinos não-inspirados se encontram em posição precária

para ter que defender o que é escrituristicamente indefensável. O resultado é de eruditos brilhantes

empenhados em exegeses falhas, raciocínios falaciosos e apelações para o sentimentalismo.

125 Charles Hodge. Systematic Theology (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1973), Vol. 3, p.3. “ É feita a

pergunta: Como isto exige da vida espiritual ser manifestada em relação ao culto de Deus? A história

inspirada e não-inspirada fornecem apenas uma resposta – pelo descontentamento e inércia à simplicidade da

exigência divina na adoração”. (D. W. Collins, p. 93).

126 Muitos argumentam que instrumentos musicais são uma necessidade prática, como luz, cadeiras, prédio da

igreja e assim por diante. Este argumento ignora o fato de que as sinagogas Judaicas viveram sem

instrumentos musicais por mais de dois mil anos. Congregações cristãs se deram bem sem eles por mais de

250 anos. Ainda existe um número pequeno de igrejas Presbiterianas que não os usam. Além disso, se

instrumentos eram apenas uma questão de necessidade prática, o uso deles no culto não teria tido que esperar

por uma autorização divina.

divina. A utilização de instrumentos musicais, seus projetos e as várias famílias

levíticas que tocaram todos eles foram determinações de ordem expressa. Este

fato é inquestionável. Porém, ainda é argumentado: não poderia o uso de

instrumentos ser mandato divino para o templo e ser adiafórico para o culto

público da sinagoga e das assembléias cristãs? Não. O princípio regulador nunca

foi limitado ao templo (cf. rodapé 124). Além disso, algo incidental para o culto

por natureza é incidental ou adiafórico em todas as circunstâncias. O fato de que

os Judeus em tempo bíblico (certamente até 1810) consideraram instrumentos

musicais como uma necessidade de sanção divina para a sinagoga deve acabar

com o argumento música-como-circunstância. “Se, como alguns imaginam, os

apóstolos empregaram instrumentos de música no culto público, seus

instrumentos devem ter sido enterrados com eles. Eles (instrumentos) tiveram

um considerável sepultamento prolongado, pois eles não tiveram ressurreição até

pelo menos sete ou oito séculos depois. Ele não reaparecerem na adoração cristã

até a era negra do Papado quando, por adição não autorizada para o culto da

igreja, homens danificaram a beleza divina e a simplicidade do culto puro do

Novo Testamento”.127

Infelizmente, no final das contas, nós estamos vivendo em um tempo de

sério declínio a respeito do culto e doutrina. Muitas pessoas não estão

interessadas em reforma. Muitos líderes estão satisfeitos em defender o status

quo. (Mas, uma igreja não-reformada é deformada). Quando os confrontamos

com a evidência bíblica a respeito do uso de instrumentos musicais no culto

público (também, dias santos não-autorizados e salmodia exclusiva) a resposta

geralmente é: “Eu não quero nem ouvir. Quem se importa com isso? É

interessante, mas eu amo o som da música dos instrumentos no culto. Esta

questão pode ser divisionista, portanto esquece”. Estas respostas revelam uma

atitude não escriturística e anti-reformada. “Não está evidente – evidencia

dolorosa – de que são realmente palavras arrogantes? ‘Quem se incomoda com o

127 James Glasgow. Heart and Voice, p. 9.

que Deus quer’, tais pessoas na verdade dizem: ‘Conquanto eu tenha o que

quero! Eu sou o importante!’ isto é a antítese da verdadeira religião”.128

Tradições humanas têm a habilidade de puxar os “cordões do coração”. É

por isso que eles são tão perigosos para a pureza do culto evangélico. Nossa

esperança e oração é que o Espírito Santo traga reavivamento para Sua Igreja e

destrua estas inovações, raízes e ramos. Não é tempo para ser arrogante, mas

para ser humilde, orar e labutar por reforma. Vamos retornar ao simples, nãoadornado

culto da igreja apostólica e dos nossos pais calvinistas. Que Deus tenha

misericórdia da Sua Igreja e traga de volta as marcas da Reforma.

128 G. I. Williamson, Instrumental Music in the Worship of God, p. 15.