sábado, 20 de março de 2010

Salmodia Exclusiva

Dr. C. Matthew McMahon

O uso dos Salmos no culto como o texto divino que Deus deu à Sua Igreja para cultuá-lo. Essa era a visão majoritária entre os Reformadores e Puritanos.


Os Puritanos cultuavam a Deus usando os Salmos, e somente os Salmos. Eles não permitiam que instrumentos musicais penetrassem em seu culto, mas, ao invés disso, mantinham a simplicidade encontrada no Novo Testamento daquilo que conhecemos como “canto congregacional” em substituição ao culto cerimonial do Velho Testamento, que fora primariamente feito pelos sacerdotes Levitas, instituídos por Davi, sob ordem direta de Deus. Assim, eles usavam os Salmos como o livro de cânticos divinamente inspirado para a igreja.

A Confissão de Fé de Westminster reflete essa visão:

A Confissão de Fé de Westminster, Capítulo XXI

Do Culto Religioso e do Domingo.

Parágrafo 5:

A leitura das Escrituras, com santo temor ,[17]; a sã pregação [18] da Palavra e a consciente atenção a ela, em obediência a Deus, com entendimento, fé e reverência [19]; o cântico dos salmos, com gratidão no coração [20]; bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo – são partes do culto comum oferecido a Deus:[21] , além dos juramentos religiosos [22], votos[23], jejuns solenes[24] e ações de graça em ocasiões especiais[25], os quais, em seus vários tempos e ocasiões próprias devem ser usados de um modo santo e religioso[26].

17. Lucas 4:16-17; Atos 15:21; Col. 4:16; I Tessalonicenses 5:27; Apocalipse 1:3

18. II Timóteo 4:2; Atos 5:42

19. Tiago 1:22; Atos 10:33; Mateus 13:19; Hebreus. 4:2; Isaías 66:2

20. Colossenses 3:16; Efésios 5:19; Tiago 5:13; I Coríntios 14:15

21. Mateus 28:19; I Coríntios 11:23-29; Atos 2:42

22. Deuteronômio 6:13; Neemias 10:29; II Coríntios 1:23

23. Salmos 116:14; Isaías 19:21; Eclesiastes 5:4-5

24. Joel 2:12; Ester 4:16; Mateus 9:15; Atos 14:23

25. Êxodo 15:1-21; Salmos 107:1-43; Neemias 12:27-43; Ester 9:20-22

26. Hebreus 12:28.

sábado, 6 de março de 2010

Os Hinos do Apocalipse

O livro de Apocalipse contém numerosos exemplos de cânticos de adoração (e.g., 4:8, 11; 5:9-13; 7:10-12; 11:17-18; 14:2-3; 15:3-4; 19:1, 2, 5, 8). A questão que precisa ser respondida sobre esses cânticos é: “Essas alusões à adoração nos céus nos ensinam alguma coisa sobre como devemos cantar no culto público e como devemos conduzir a adoração pública em nossos dias?” Não, claramente não.


O livro de Apocalipse é literatura apocalíptica, e conseqüentemente não foi feita para ser um guia literal ou padrão para a adoração pública. Se fosse assim, teríamos de ser todos romanistas, pois o Apocalipse descreve um altar (6:9; 8:3, 5; 9:13; 11:1; 14:18; 16:7); incenso (8:4); trombetas(1:10; 4:1; 8:13; 9:14); harpas (5:8; 14:2; 15:2) e ainda a arca da aliança (11:19). Também teríamos de ser místicos, porque no Apocalipse cada criatura, incluindo os pássaros, insetos, águas-vivas, e minhocas, etc., louva a Deus (5:13). A literatura apocalíptica usa linguagem figurada e imaginação dramática para ensinar lições espirituais. “O mais importante ao assistir um drama não é a representação em si mas a mensagem que ele ajuda a retratar.”

O livro de Apocalipse está cheio até a borda com os ritos obscuros, com os tronos e os templos, e com um número inteiro de atos litúrgicos que não podem ser relacionados às nossas circunstâncias de adoração. A tentativa de extrair elementos de culto dessa literatura apocalíptica só pode conduzir ao caos litúrgico.
 
Além do mais, ainda que alguém queira tomar as cenas apocalípticas de adoração nos céus como normativa para a igreja hoje, elas ainda não autorizariam o uso de hinos não-inspirados, pois os cânticos entoado pelos anjos, os quatro seres viventes, e os santos purificados “são por natureza composições inspiradas, procedendo como eles do próprio céu e do mais alto trono da presença de Deus” Mas (como notado) as cenas da adoração apocalíptica com seus altares, incenso, harpas, e outras imagens cerimoniais claramente não podem se aplicar à igreja da nova aliança sem que a Escritura contradiga a si mesmo, o que é impossível.


Alguns escritores apelam ao novo cântico mencionado em Apocalipse 14:3 como autorização da escritura para a composição de novos cânticos hoje. Um estudo deste termo na Escritura, entretanto, provará que a expressão bíblica novo cântico nada tem a ver com novas composições não-inspiradas depois que foi fechado o cânon.

O termo novo cântico no Velho Testamento pode referir-se a um cântico que tenha as novas misericórdias ou novas maravilhas do poder de Deus como tema (e.g., Salmo 40:3; 98:1). Mas tenha em mente que essa expressão é usada somente para descrever cânticos escritos sob inspiração divina. Este fato limita novo cântico aos cânticos inspirados da Bíblia. Uma vez que o termo novo cântico é usado somente para descrever cânticos escritos por pessoas que tinham o dom profético, e não se aplicava a qualquer israelita, certamente ele não se aplica a Isaac Watts, Charles Wesley, ou qualquer outro escritor de hinos não-inspirado.
 
Outro significado de novo cântico não se refere a um cântico descrevendo novas misericórdias, mas a cantar um cântico de forma nova; isto é, com devoção, coração rejubilante; com um novo impulso de gratidão. A canção pode de fato ser bastante velha, mas como aplicamos o cântico inspirado experimentalmente a nossa própria situação, nós o cantamos novamente. Esse é provavelmente o significado de cantar um cântico novo nos Salmos, que usam o termo, ainda que não se refiram a novas misericórdias. Por exemplo, o Salmo 33 usa o termo cantar um cântico novo, e então fala de doutrinar bastante conhecidas: criação, providência, e esperança e confiança em Deus. E, há um sentido no qual todos os cânticos do Velho Testamento são novos cânticos para o cristão da nova aliança: nós cantamos os Salmos com um entendimento e perspectiva desconhecidas dos crentes do Velho Testamento. Por conta da expressão do amor de Deus em Cristo, Jesus e o Apóstolo João puderam até se referir a um bastante conhecido mandamento do Velho Testamento (Levítico 19:18) como um “novo mandamento” (João 13:34; 1João 2:7; 2João 5).

Salmos, Hinos e Cânticos espirituais?

Por: Renê Antuani Freire

ψαλμοῖς ὕμνοις ᾠδαῖς, Quando examinamos a Septuaginta, verificamos que os termos salmos (psalmos), hinos (hymnos) e cânticos (odee), referem-se claramente ao livro dos Salmos do Antigo Testamento e não a antigos e modernos hinos ou cânticos não inspirados. Bushell escreve: “ Psalmos (...) ocorre 87 vezes na Septuaginta, desses, 78 aparecem nos salmos mesmos, sendo que 67 são títulos de salmos. Da mesma forma, o título da versão grega do saltério (...) hymnos (...) ocorre 17 vezes na Septuaginta, 13 das quais estão nos Salmos, sendo que 6 são títulos. Em I Samuel , I e II Crônicas e Neemias há cerca de 16 exemplos nos quais os Salmos são chamados “hinos”( hymnoi ) ou “cânticos”( odai ) e para o cântico deles a palavra utilizada significa “cantar louvor” (hymneo, hymnodeo, hymnesis )N.T.. Odee (...) ocorre umas 80 vezes na Septuaginta, 45 das quais nos Salmos, 36 nos títulos dos Salmos (Michael Bushell, The Songs of Zion , pp. 85-86) . Em doze títulos nós encontramos ambos, “salmos” e “cânticos”; e em dois outros “salmos” e “hinos”. O salmo 76 é designado como “salmo, hino e cântico” (na versão portuguesa ARA não aparece a palavra hino, N.T.). No final dos primeiros setenta e dois salmos, nós lemos: “ Findam-se os hinos (ARA: orações) de Davi, filho de Jessé ” (Sl.72:20). Não há razão alguma para pensarmos que o Apóstolo Paulo estava se referindo a “salmos” como coisa diferente de “hinos e cânticos”, pois todos os três termos se referem a salmos no próprio livro de Salmos (G.I. Williamson, The Singing of Praise in the Worship of God , p. 6.) . Ignorar como a audiência de Paulo, na época, teria entendido estes termos, bem como a forma como são definidos pela Bíblia, e aplicar-lhes significados modernos, não-bíblicos, seria uma prática exegética deficiente.

Uma das objeções mais comuns contra a idéia de que Paulo em Ef.5:19 e Col 3:16, está falando do livro dos Salmos, é que seria absurdo ele dizer, “cantando salmos, salmos e salmos”. Essa objeção falha ao considerarmos o fato que um método comum de se expressar na antiga literatura judaica, era a forma triádica de expressão para designar uma idéia, ação ou objetos. A Bíblia contém muitos exemplos da forma triádica de expressão, a saber: Ex.34:7 – “ iniqüidade, transgressão e o pecado ”; Deut 5:31 e 6:1 – “ mandamentos, estatutos e juízos ”; Mt 22:37 – “ de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento ” (Mc.12:30; Lc.10:27); At 2:22 – “ milagres, prodígios e sinais ”; Ef 5:19 e Col 3:16 – “ salmos, hinos e cânticos espirituais ”. “A tríplice distinção usada por Paulo, seria prontamente entendida por aqueles que já estavam familiarizados com seus Saltérios Hebraicos do Velho Testamento e a Septuaginta, onde os títulos dos salmos são distinguidos como salmos, hinos e cânticos. Esta interpretação faz justiça à analogia da Escrituras, isto é, a Escritura é seu melhor intérprete” (J.W. Keddie, Why Psalms Only? , p. 7) .

As palavras abaixo marcadas de vermelho paulo pede para que cantemos.


Col 3:16 ὁ λόγος τοῦ Χριστοῦ ἐνοικείτω ἐν ὑμῖν πλουσίως ἐν πάσῃ σοφίᾳ· διδάσκοντες καὶ νουθετοῦντες ἑαυτοὺς ψαλμοῖς ὕμνοις ᾠδαῖς πνευματικαῖς, ἐν χάριτι ᾄδοντες ἐν τῇ καρδίᾳ ὑμῶν τῷ Κυρίῳ.

agora todos os salmos que falam de cânticos novos aparece essas duas palavras na septuaginta.

Psa 40:3 (39:4) καὶ ἐνέβαλεν εἰς τὸ στόμα μου ᾆσμα καινόν, ὕμνον τῷ θεῷ ἡμῶν· ὄψονται πολλοὶ καὶ φοβηθήσονται καὶ ἐλπιοῦσιν ἐπὶ κύριον.

Segundo a septuaginta o que seria esse ᾆσμα καινόν?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Diretório de Culto de Westminster

I. Sobre o Ajuntamento da Congregação e Seu Comportamento no Culto a Deus

QUANDO a congregação se reunir para a adoração pública, as pessoas (tendo preparado seus corações de antemão) devem todas ir e se reunir, não se ausentando da ordenança pública por negligência ou sob desculpa de encontros privados.

Que todos entrem na assembléia não irreverentemente, mas de uma forma grave e séria, tomando seus assentos ou lugares sem adoração, isto é, sem se ajoelhar [ie, se inclinar] em direção a um ou a outro lugar.

Estando a congregação reunida, o ministro, após uma chamada solene à adoração do nome grandioso de Deus, deve iniciar [o culto] com oração

“Em toda humildade e reverência, reconhecendo a incompreensível grandeza e majestade do Senhor, (em cuja presença ela [ie, a congregação] se apresenta de forma especial) e [reconhecendo também] sua [ie, da congregação] impiedade e indignidade em se aproximar dele, com sua inabilidade intrínseca de executar obra tão grandiosa; e, humildemente, clamando a ele por perdão, por assistência e aceitação durante a execução de todo o culto; e por uma bênção sobre a leitura da porção específica da sua palavra. Tudo [isso deve ser feito] no nome do Senhor Jesus Cristo”.

Tendo o culto público iniciado, as pessoas devem prestar-lhe atenção plena, abstendo-se de ler qualquer coisa, exceto o que o ministro está lendo ou citando; e abstendo-se ainda mais de quaisquer cochichos privados, conversas, saudações, ou de fazer qualquer reverência a qualquer pessoa presente, ou [que esteja] entrando; e também de olhadelas, cochilos e qualquer outro tipo de comportamento indecente que possa incomodar o ministro ou as pessoas e mesmo prejudicá-los e [também] a si mesmos no culto a Deus.

Se qualquer um, por necessidade, for impedido de estar presente no início, não pode, quando chegar à congregação, se deixar levar por devoções privadas, mas reverentemente devem se compor para juntar-se à assembléia naquela ordenança de Deus que estiver ocorrendo no momento.

Posted by L. G. Freire